Dom Rifan visita a Rádio Vaticano depois de encontro com o Papa Leão XIV

Fonte da entrevista

Dom Fernando Arêas Rifan, administrador apostólico da Administração Apostólica São João Maria Vianney, foi recebido nos estúdios da Rádio Vaticana, onde compartilhou detalhes de sua recente audiência com o Papa. Ele apresentou sua carta de renúncia ao completar 75 anos. Ele falou sobre a importância de continuar a Administração Apostólica que serve à comunidade católica ligada ao rito romano antigo, mantendo a comunhão com Roma. O Papa apoiou sua permanência por mais tempo para facilitar a transição de sua sucessão.

Silvonei José – Vatican News

É com alegria que recebemos nos estúdios da Rádio Vaticano – Vatican News dom Fernando Arêas Rifan, bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney. Dom Rifan, seja bem-vindo.

Muito obrigado Silvonei, passei aqui para dar um abraço, já que a gente sempre se fala lá na CNBB, mas vamos falar aqui em Roma, já estamos aqui, e conhecer um pouquinho também aqui os estúdios da Rádio Vaticana – Vatican News, Vatican News, que sempre a gente transmite. Aliás, o nosso padre Claudio Almar falava sempre, pessoal, não fica vendo outros… e mais não sei o que lá não. Vai direto ao Vatican News para você saber a verdade, porque senão você fica ouvindo opiniões. Aqui não.

Que coisa boa. Seja bem-vindo. Mas sou obrigado a fazer a primeira pergunta. O senhor fez 75 anos. Apresentou a carta de renúncia. E depois?

Depois? Então, eu, aliás, estou aqui para isso. Aliás, nem precisava vir, porque a gente faz isso através da Nunciatura. Claro, em setembro eu já tinha ido ao Núncio, apresentei a carta de renúncia, porque em 25 de outubro eu fiz 75 anos. Mas já antecipei, falei, olha, já está aqui minha carta de renúncia e mostrei tudo. O Núncio não conhecia tanto, então, conheceu o que é a Administração Apostólica e os benefícios que a Administração faz, o bom relacionamento com todos os bispos, isso é muito importante. Então, mostrar que ela tem que continuar pelo bem que ela faz. É um grupo católico que tem a missa na forma antiga. Segue as tradições, mas em perfeita a comunhão. Diferente de certos grupos que querem manter a forma antiga, mas fica brigando com a Igreja, fica falando mal dos bispos. Aí, não é. Tem que ter bom espírito. Eu procuro cultivar, aliás, a finalidade com que foi criada a Administração foi essa. Conservar na comunhão da Igreja os padres e fiéis ligados ao rito romano antigo, às tradições. Mas tudo isso com bom espírito. E isso, graças a Deus, eu tenho procurado fazer nesses 20 anos, que eu já sou bispo ali. Foi em 2002, eu também fui escolhido para bispo em 2002.

Então, já tinha apresentado tudo isso ao Núncio e aí, Dom Paulo de Brasília, o cardeal nosso, me ligou para mim e disse, olha, eu estou vindo de Roma, é preciso que você vai lá, você vai gostar, vai lá estar com o Papa e fala também com ele. Fala da necessidade de continuar com a Administração Apostólica. Fala com ele, porque ele não conhece, pelo bem que se faz à Igreja, à Igreja do Brasil de modo especial.

Também, dom Fernando Guimarães, nosso grande amigo, que nos ajudou muito na Congregação para o clero, no tempo do cardeal Castrillon, ele que nos ajudou a regulamentar tudo, fazer o estatuto da Administração apostólica. Também recomendou, vai lá. Aí, vim a Roma. Sempre é bom estar aqui em Roma, para ver Pedro. Eu vim para ver Pedro, estar com ele e mostrar essas coisas. E aí, foi o que eu fiz.

E como foi o encontro, então, com o Papa?

Foi espetacular. Muito bem, me recebeu muito bem, audiência particular. A Nunciatura conseguiu uma audiência particular com o Papa. Ele me recebeu, fiquei meia hora, falei tudo o que tinha que falar, levei os documentos, falei sobre a renúncia, sobre qual é o espírito que a gente cultiva na Administração Apostólica, a comunhão com a Igreja, com os outros bispos. E, por isso, a necessidade de continuar. E o Papa gostou muito, perguntou como é que eram as coisas. Eu expliquei tudo e falei com ele, e disse, estou igual ao senhor quando falou no Conclave. Quando perguntaram a ele durante o conclave. E aí, como é que vai ser? Ele falou e disse, olha, estamos nas mãos do Espírito Santo. Então, eu digo a mesma coisa para a Vossa Santidade. Estou nas mãos da Igreja, nas mãos do Espírito Santo. É claro que a Igreja, eu sou da Igreja, o que a Igreja mandar, vai ser a vontade de Deus. Aí, eu expliquei tudo para ele, dei todos os documentos, tiramos as fotos, foi muito agradável. Bem, aí eu fui ao Dicastério para os bispos, que é o nosso Dicastério, pois nós somos uma diocese. Então, eu fui lá, fui muito bem recebido por dom Iannone e levei uma carta de apresentação de dom Fernando Guimarães, que foi colega dele, explicando tudo. Muito mais ainda com dom Wilson Montanari, que é muito amigo, sempre estou com ele. Então, fui muito bem recebido. Fizeram todas as perguntas, até sobre as músicas que a gente canta. Expliquei tudo para eles. Como a gente canta, como é que é, como é que é a Administração Apostólica, como é que funciona. Eles ficaram muito contentes, porque eu expliquei tudo, fui muito aberto, mostrei tudo, tudo, tudo que nós fazemos. E eles falaram, está fora de dúvida: a Administração tem que continuar. Isso não se questiona, isso não se põe essa questão. É certo que ela vai continuar. Aí, sobre a minha sucessão, conversamos bastante. E eles falaram que vou ficar mais um tempo. Aí, eu voltei quando teve a audiência pública, na quarta-feira, e o Papa falou, antes de eu abrir a boca, ele falou, olha, vamos com calma, vamos continuar. Fica mais um tempo. Ele me pediu para ficar mais algum tempo. Claro que aí fica mais fácil para escolher o sucessor. Eu vou estar presente, a gente vai estar junto. Então, vai ser uma sucessão pacífica e tranquila.

Eis a íntegra da conversa com dom Rifan:

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