Festa dos 15 anos da Administração Apostólica

"Não basta fazermos as coisas certas, é preciso fazermos as coisas certas em comunhão com a Igreja."

Estas foram as palavras de Dom Fernando que antecederam a Santa Missa em Ação de Graças pelos quinze anos de criação da Administração Apostólica.

A Santa Missa começou às 18h do dia 19 de Agosto, celebrada por Sua Exª Revmª Dom Giovanni d’Aniello, núncio apostólico do Brasil, representante de SS. o papa Francisco. Estiveram presentes boa parte do clero diocesano e quase todo o clero da Administração Apostólica, o seminário diocesano e o da Administração, todos os nossos religiosos e religiosas. Vale destacar as notáveis presenças dos Excelentíssimos bispos: Dom Orani Cardeal (arcebispo do Rio), Dom Roberto Francisco (bispo de Campos), Dom José Francisco (arcebispo de Niterói), Dom Edinei (bispo de Nova Friburgo), Dom Roberto Guimarães (bispo emérito de Campos) e Dom Alano (arcebispo emérito de Niterói).

Não existem palavras que expressem a alegria por estarmos quinze anos a serviço da Santa Igreja, sob a guia do Santo Padre, o doce Cristo na terra, e de nosso pastor Dom Fernando Rifan, que completa também quinze anos de episcopado.

Grande número de nossos fieis se emocionaram, festejando juntos este momento de reflexão e ação de graças. Agradecemos a todos pela presença, pelas orações e pela unidade, que, como sempre nos lembra Dom Fernando, é a força da Igreja e de toda comunidade. Agradecemos de modo especial a Dom Giovanni e aos demais bispos presentes, que com sua amizade, proximidade e carinho sentimo-nos sempre mais em união com a Igreja, desenvolvendo nosso papel dado pelo Santo Padre São João Paulo II, de conservarmos os costumes e ritos tradicionais da Santa Igreja em comunhão plena com a mesma.

Dom Giovanni, em sua homilia, emocionou a todos com belíssimas palavras de agradecimento e de acolhimento. Não podíamos deixar de transpor na íntegra tão belas e espirituais palavras do nosso Excelentíssimo convidado. Segue abaixo o sermão do dia 19 de Agosto e as fotos da festa.

HOMILIA DO DIA 19 DE AGOSTO

– 15 ANOS DA ADMINISTRAÇÃO APOSTÓLICA –

Excelentíssimo e querido Dom Fernando Rifan, Reverendíssimo e Eminentíssimo Cardeal Dom Orani, Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, querido arcebispo de Niterói, Francisco, queridos Dom Alano, Dom Roberto, Dom Roberto, Dom Edinei, queridos sacerdotes desta Administração Apostólica, queridos religiosos e religiosas, queridos seminaristas, digníssimas autoridades aqui presentes.

Antes de tudo quero agradecer a Deus, por esta oportunidade que através do querido Dom Fernando Ele me concedeu de estar aqui hoje convosco. Não só para esta comemoração dos quinze anos, mas sobretudo para vos conhecer e rezarmos juntos. Fico feliz que minha visita a esta Administração Apostólica tenha acontecido no dia em que a Igreja celebra a solenidade da Assunção de Nossa Senhora, e em particular, como nos lembra o Evangelho, no dia em que Maria visita sua prima Isabel. Eu também venho em visita a meus irmão na fé, desta Administração Apostólica, com a mesma humildade de Maria, pedindo que ela faça de mim um testemunho de fé.

A página do Evangelho de hoje despertou em mim algumas considerações que humildemente compartilho convosco e que tem duas palavras como pilares: movimento e disponibilidade. Maria sabe que sua prima espera um filho, e que apesar de sua juventude e de sua inexperiência não hesita se pôr em caminho para visitar Isabel. Este movimento, simboliza o amor da Igreja para com os seus filhos. Uma Igreja que mesmo nas dificuldades da vida, não hesita ir ao encontro dos outros para levar conforto, carinho e sobretudo o dom de Deus.

A disponibilidade de Maria ao se colocar inteiramente ao serviço de sua prima para ajudá-la em um momento tão importante de sua vida, mostra de sua parte a solicitude que impulsiona este caminho. Fé e anuncio da fé, dom e missionariedade são os elementos que caracterizam este caminho de Maria a Isabel e que despertam a recriação de todos que entram em contato com Cristo, seu filho.

O Evangelho trazendo à nossa contemplação a visitação da Virgem a Isabel nos coloca em uma mente de unidade, piedade, caridade, serviço alegre, abertura e sensibilidade aos planos de Deus, convidando-nos a compreender o sentido profundo dessas virtudes que resplandecem nessas duas santas mulheres e nesse encontro, que tem sua culminância no reconhecimento da grandiosidade da bem-aventurança da Virgem Maria e das maravilhas das obras de Deus; associando-nos assim, a este reconhecimento que pede de nós conversão, despojamento, iniciativa entusiasmo pelas coisas de Deus, prontidão e docilidade a sua vontade. Deixemos, pois que a atitude e o coração dessas mulheres, neste belíssimo encontro, nos questionem e nos levem por um caminho de conversão.

Na primeira leitura, somos chamados para redescobrir as palavras dirigidas a Judite: “tu és bendita do Senhor Deus Altíssimo, mais que todas as mulheres da terra”. Sua aplicação mais apropriada e completa da Virgem, põe, de fato, Judite elogiada, pois se por meio dela o senhor livrou seu povo da ruina, concedendo derrota ao inimigo, quanto mais merece ser enaltecida a humilde serva do Senhor, por quem nos veio o Redentor que nos livra definitivamente da ruína, do pecado e da morte.

Olhemos para a prima da idade avançada, grávida do precursor, e aprendamos com ela a proclamar os louvores que a Virgem Maria merece já, envolvida pela graça da maternidade, até então impossível. Como em mente se considera indigna, e até se surpreende de tão ditosa e indulgente visita, pela voz de sua saudação não só escutada, mas também acolhida no coração, e visitada pelo espírito santo, que faz o menino exultar em seu seio, e a ela ardente de amor faz exclamar com um grande grito de “bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Certo de que nos cabe muito profundamente, e que é agradável ao Senhor o cumprimento desta profecia: “todas as gerações, pois, me chamarão bem-aventurada”, e celebrando seus louvores e suas glórias, vejamos em nós os seus efeitos, como deveras somos amorosamente acompanhados, cuidadosamente consolados, eficazmente agraciados e santificados. Com efeito, motivo maior para bendizermos a virgem Maria encontramos em Deus, de quem ela é obra prima e perfeita habitação e a quem no final alcançam todas as homenagens a ela devotadas. Sendo assim é o próprio Deus, que digno de mais alto louvor e reconhecimento, realizando grandes coisas em seu favor, porque associado ao filho desde toda eternidade, de modo insondável, segundo o desígnio único de predestinação do Pai e pela ação fecunda do Espírito, ela foi preservada imaculada em sua concepção, permaneceu sempre virgem na sua maternidade divina, foi fiel discípula e generosa companheira do divino Redentor, e obteve triunfo completo sobre o pecado e suas consequências, alcançando como suprema coroa dos seus privilégios que fosse preservada da corrupção do sepulcro, e à semelhança de seu divino Filho, vencendo a morte, fosse levada de corpo e alma ao céu, onde refulge como Rainha à direita do seu filho. E a Igreja aqui encontra na nova Eva seu membro mais aceso e seu modelo perfeito. Não cessa de apresentá-la, para que nos inspiremos à diligente imitação de suas virtudes.

Busquemos sua inefável intercessão e contemos com sua materna proteção enquanto vamos nutrindo na peregrinação desta vida o anelo íntimo de modelo, para podermos com ela participarmos da glória celeste da qual ela é para nós sinal de segura e consoladora esperança. Não nos cansemos, pois, de olhar para Maria e de com ela mergulharmos na vida em nosso Senhor e na sua palavra pela oração e contemplação e entrarmos na escola do seu fiat, que se mostrou comprovadamente coerente até para além da morte do seu Filho, e do seu Coração trespassado, oferente, intimamente unido ao de seu Filho e à sua cruz, da sua maternidade educadora, da fé e das virtudes, e ainda na escola da sua caridade piedosa e desinteressada e de sua humildade simples e silenciosa. Não nos cansemos ainda de olharmos para Maria e nos dirigirmos a ela com alegre confiança e obstinada esperança, porque estando ela em Deus, está também perto de cada um de nós, conhece o nosso coração, pode ouvir as nossas orações, pode ajudar-nos com sua bondade materna, que sendo a mãe do Filho, participa no poder do filho. Por fim, não nos cansemos de olhar para Maria, de olharmos para o céu, onde a salvação de Cristo já transfigurou totalmente a sua vida, para compreendermos com que plenitude gratuita e abundante de amor, Deus espera por nós e nos quer consigo.

Nesta Eucaristia, que é prefiguração do céu, somos convidados a reforçar o desejo e o esforço para alcançarmos em plenitude o que aqui celebramos. Nossa devoção e nossa celebração se traduzem hoje de modo muito especial em consagração filial de nossas vidas e obras a esta soberana Rainha e que assim os quinze anos de ereção canônica desta Administração Apostólica possam ser marcados por Deus com dons de Santidade e virtude tão bem compreendidas naquele que a fez e oferecer ao Senhor todo o seu programa de vida. Que esta Administração Apostólica seja pois sempre capaz de se colocar a caminho, afim de que com uma fé sempre mais enraizada em Deus saiba comunicar ao outros a beleza de se saber amado por Deus e necessidade de que este amor seja compartilhado, contando com a intercessão da Santíssima Virgem assunta em corpo e em alma.

Quero, como estarei amanhã na catedral diocesana, agradecê-los pela acolhida, de modo especial a Dom Rifan. Como dizia, sabe… Dom Rifan, Agostinho: “sero te cognovi, sero te amavi”. Faz tempo que o senhor está me convidando, e finalmente chegou a hora. Peço desculpas se cheguei atrasado, mas o avião… vamos dizer assim. Mas chego com tanta alegria no coração, para ver tantos jovens no meio de vocês, chego com o coração cheio de alegria para ver tantas vocações religiosas, sacerdotais, venho com o coração cheio de alegria para ver como participam desta Celebração Eucarística, e peço para cada um de vocês orações, para minha missão aqui no Brasil, como núncio apostólico e representante do papa, um papa que tem o coração enorme. Um papa que vai além dos confins territoriais, podemos assim dizer, e abraça todo mundo, chega nas casas de todos. Um papa que precisa, como ele sempre fala, de nossas orações, para que a Igreja continue a ser uma Igreja em saída, uma Igreja que vai ao encontro do outro, uma Igreja que se preocupa com o irmão mais necessitado, uma Igreja que, no final, testemunha autenticamente a presença do Cristo no meio do povo, uma Igreja como esta Administração Apostólica, que se ama e que ama. Uma Igreja que faz de Deus seu Pai e dos irmão os filhos do Pai.

Obrigado Excelência! Vou rezar também para esta Administração Apostólica, rezar para cada um de vocês. Eu costumo dizer sempre que o núncio, enquanto representante do papa, como cada bispo, tem um coração muito grande, ‘mais elástico’ talvez que os outros. O meu tem a ‘dimensão de um continente que é o Brasil’. Cada um de vocês cabe nele, cada um de vocês com as próprias preocupações, mesmo se a gente não se conhece, você está no meu coração a partir de hoje. Vamos ficar juntos, por este meio tão especial que Cristo nos deixou e que Maria nos deixou que é a oração. Rezemos uns pelos outros para que cada um no próprio âmbito, com as próprias capacidades, ele possa ser sempre mais presença de Deus aqui nesta Administração, aqui na diocese de Campos, aqui no Estado do Rio de Janeiro, em todo Brasil e no mundo inteiro, e que Deus vos abençoe!

Dom Giovanni d’Aniello
Homilia do dia 19 de Agosto de 2017 Campos dos Goytacazes, RJ.

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