Nesta Sexta-Feira Santa, dia que recordamos a paixão e morte de nosso Senhor, houve, no Seminário, como é realizado anualmente, o Ofício de Trevas. A “Matutina Tenebrarum”, nome latino do mesmo, é o Ofício das Matinas e Laudes dos três últimos dias da Semana Santa. Quanto à cerimônia, vale ressaltar: o altar desnudo, sem cruz e castiçais; no lado da epístola coloca-se o candelabro triangular ou, como é mais conhecido, o Tenebrário, com quinze velas que serão apagadas sucessivamente ao fim de cada salmo; no meio do coro centra-se uma estante nua para o canto das leituras.
Esta cerimônia tão simples é muito rica de significação. Nós estamos nos dias em que a glória do Filho de Deus se eclipsou sob as ignomínias da Paixão. Ele, que era a luz do mundo, se torna um verme e não um homem, causa de escândalo para seus discípulos. Todos fogem d’Ele; o próprio Pedro o nega. Este abandono, esta defecção quase geral é figurada pela sucessiva extinção das velas do candelabro triangular, e mesmo das do altar. No entanto, esta luz desprezada de Cristo não está extinta, embora as sombras a tenham coberto. O acólito coloca a vela misteriosa sobre o altar, o que simboliza Cristo que sofre e morre no calvário; em seguida, ele esconde a vela atrás do altar simbolizando, assim, a sepultura de Nosso Senhor cuja vida foi apagada pela morte durante três dias. De repente faz-se um barulho, símbolo da perturbação dos inimigos e as convulsões da natureza. Porém, a vela reaparece, sem ter perdido nada da sua luz; o barulho cessa, e todos rendem homenagem ao Vencedor da morte.
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