Dom Fernando Arêas Rifan*
Participei, como palestrante e Bispo referencial da Pastoral da Sobriedade no Regional Leste 1 da nossa Conferência Episcopal, do III Simpósio de Recuperação – desafios e soluções – no setor Espiritualidade, práticas e motivação, promovido pela Pastoral da Sobriedade e pela ABEAD – Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas – com o lema: “Dependência química é doença e tem recuperação!”. O evento foi realizado no último fim de semana, em Cabo Frio RJ, com participação de psiquiatras, professores e especialistas no tema.
Considerando que 25% da população brasileira está, direta ou indiretamente, ligada ao fenômeno das drogas, e que cada vez mais cedo os adolescentes entram em contato com elas, carregando consigo, em média, quatro outras pessoas, chamadas de codependentes, membros da família e amigos, a Pastoral da Sobriedade, como uma atuação especial da Igreja diante desse problema, vem prestando nesse setor imenso benefício à sociedade, como ação concreta na prevenção e recuperação da dependência química.
Trata-se de uma ação pastoral conjunta que busca a integração entre todas as Pastorais, Movimentos, Comunidades Terapêuticas, Casas de Recuperação para, através da pedagogia da fé e da ciência, usando a terapia de grupo, resgatar e reinserir os excluídos, conduzindo a uma mudança de vida através da conversão. A Pastoral da Sobriedade nos propõe a libertação da dependência das drogas, do álcool, dos vícios, das manias, das compulsões e pecados, ajudando a resgatar valores, numa transformação de vida e valorização da pessoa humana.
O tema da minha palestra, nesse simpósio, foi “as virtudes humanas, base da serenidade e da sobriedade”. Virtude é a disposição habitual e firme para fazer o bem. Permite à pessoa não só praticar atos bons, mas dar o melhor de si: tender ao bem, procura-lo e escolhe-lo na prática. As virtudes humanas são atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e da vontade que regulam nossos atos, ordenando nossas paixões e guiando-nos segundo a razão e a fé. Facilitam, assim, e nos ajudam a ter domínio e alegria para levar uma vida moralmente boa. Pessoa virtuosa é aquela que livremente pratica o bem. As virtudes morais são adquiridas humanamente. São os frutos e os germes de atos moralmente bons; dispõem todas as forças do ser humano para entrar em comunhão com Deus.
Entre as virtudes humanas está a temperança, ou sobriedade, virtude moral que modera a atração dos prazeres e proporciona o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos nos limites da honestidade, gerando a paz.
Tanto a PASTORAL DA SOBRIEDADE como a ABEAD vêm nos propor a liberdade das dependências das drogas, ou o correto uso da liberdade que Deus nos deu: “Comportai-vos como homens livres, e não à maneira dos que tomam a liberdade como véu para encobrir a malícia” (S. Pedro 1Pd 2, 16). “Vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não abuseis, porém, da liberdade como pretexto para prazeres carnais” (São Paulo Gl 5, 13).
* Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/
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