« Liturgia Dominical » Ano 6 – nº 331 – 20 de agosto de 2017 † 11º DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES verde – 2a. classe.
« Ephpheta! » Abre-te boca muda! Abre-te boca cristã para proclamar a tua fé!
Intróito /DEUS IN— Salmo 67. 6-7, 36, 2
O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.
Canto solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia. Compunha-se antigamente duma antífona e de um salmo, que se cantava por inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só versículo.
Deus in loco sancto suo: Deus qui inhabitáre facit unánimes in domo: ipse dabit virtútem et fortitúdinem plebi suæ. Ps. Exsúrgat Deus, et dissipéntur inimíci eius: et fúgiant, qui odérunt eum, a fácie eius. ℣. Glória Patri.
Deus está em seu santuário; Deus que reúne em Sua casa os que são unânimes, Ele mesmo dá, a seu povo, força e coragem. Sl. Levante-se Deus, e os seus inimigos sejam dispersos, e os que O odeiam fujam de sua presença. ℣. Glória ao Pai.
Oração (Colecta)
Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Não há talvez oração mais bela que esta, que, ao situarmos perante o abismo insondável da bondade divina, a implora e no-la faz contemplar.
Omnípotens sempitérne Deus, qui, abundántia pietátis tuæ, et merita súpplicum excédis et vota: effúnde super nos misericórdiam tuam; ut dimíttas quæ consciéntia metuit, et adiícias quod orátio non præsúmit. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Ó Deus, eterno e onipotente, que pela abundância de Vossa bondade excedeis os méritos e os desejos dos suplicantes, derramai sobre nós a Vossa misericórdia; perdoai o que a nossa consciência teme, e acrescentai o que não ousamos pedir. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Epístola de São Paulo Apóstolo aos Coríntios I.15. 1-10
No pensamento de S. Paulo, a ressurreição de Cristo tudo alicerça: se Ele não ressuscitou, a sua obra é um fracasso; se ressuscitou, ressuscitaremos com Ele.
Fratres: Notum vobis fácio Evangélium, quod prædicávi vobis, quod et accepístis, in quo et statis, per quod et salvámini: qua ratione prædicáverim vobis, si tenétis, nisi frustra credidístis. Trádidi enim vobis in primis, quod et accépi: quóniam Christus mortuus est pro peccátis nostris secúndum Scriptúras: et quia sepúltus est, et quia resurréxit tértia die secúndum Scriptúras: et quia visus est Cephæ, et post hoc úndecim. Deinde visus est plus quam quingéntis frátribus simul, ex quibus multi manent usque adhuc, quidam autem dormiérunt. Deinde visus est Iacóbo, deinde Apóstolis ómnibus: novíssime autem ómnium tamquam abortívo, visus est et mihi. Ego enim sum mínimus Apostolórum, qui non sum dignus vocári Apóstolus, quóniam persecútus sum Ecclésiam Dei. Grátia autem Dei sum id quod sum, et grátia eius in me vácua non fuit.
Irmãos: 1Faço-vos agora lembrar o Evangelho que já vos preguei e que recebestes, e no qual também perseverais. 2Nele também sois salvos, se o guardais do mesmo modo que vo-lo preguei. Do contrário, em vão tereis abraçado a fé. 3Antes de tudo eu vos ensinei o que eu mesmo aprendi: que o Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, 4sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, como está escrito. 5Foi visto por Cefas, e depois pelos onze Apóstolos. 6Depois foi visto por mais de quinhentos irmãos juntos, muitos deles ainda hoje vivem e alguns já morreram. 7Depois apareceu a Tiago, e em seguida a todos os Apóstolos. 8Por último de todos apareceu também a mim, como a um abortivo. 9Porque eu sou o mínimo dos Apóstolos, e não sou digno de ser chamado Apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus. 10Pela graça de Deus, no entanto, sou o que sou, e a Sua graça não ficou sem efeito em mim.
Gradual /Salmo 27. 7, 1
Gradual e Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.
In Deo sperávit cor meum, et adiútus sum: et reflóruit caro mea, et ex voluntáte mea confitébor illi. ℣. Ad te, Dómine, clamávi: Deus meus, ne síleas, ne discédas a me.
Em Deus confiou meu coração, e fui socorrido: e minha carne refloresceu. Eis porque, com toda a minha alma eu O louvarei. ℣. A Vós, Senhor, eu clamo: não silencieis à minha voz, nem Vos afasteis de mim.
Aleluia /Salmo 80. 2-3
Allelúia, allelúia. ℣. Exsultáte Deo, adiutóri nostro, iubiláte Deo Iacob: súmite psalmum iucúndum cum cíthara. Allelúia.
Aleluia, aleluia. ℣. Exultai em Deus, nosso protetor; cantai jubilosos ao Deus de Jacó; cantai um alegre salmo com a cítara. Aleluia.
Evangelho segundo São Marcos7. 31-37
Tanto a cura do surdo-mudo, como a história das misericórdias divinas em relação a cada um de nós se resumem no batismo, que nos abriu o espirito e o coração às coisas de Deus.
In illo témpore: Exiens Iesus de fínibus Tyri, venitper Sidónem ad mare Galilaeæ, inter médios fines Decapóleos. Et addúcunt ei surdum et mutum, et deprecabántur eum, ut impónat illi manum. Et apprehéndens eum de turba seórsum, misit dígitos suos in aurículas eius: et éxspuens, tétigit linguam eius: et suspíciens in coelum, ingémuit, et ait illi: Ephphetha, quod est adaperíre. Et statim apértæ sunt aures eius, et solútum est vínculum linguæ eius, et loquebátur recte. Et præcépit illis, ne cui dícerent. Quanto autem eis præcipiébat, tanto magis plus prædicábant: et eo ámplius admirabántur, dicéntes: Bene ómnia fecit: et surdos fecit audíre et mutos loqui.
N aquele tempo, 31saindo Jesus da região de Tiro veio por Sidon ao mar de Galiléia, atravessando o território da Decápole. 32E trouxeram-lhe um surdo-mudo e Lhe rogaram impusesse as mãos sobre ele. 33Jesus, tomando-o dentre o povo, de parte, meteu os dedos em seus ouvidos e tocou-lhe a língua com a saliva.34Depois, ergueu os olhos para o céu, suspirou, e disse-lhe: Effeta, isto é, abre-te. 35E imediatamente se lhe abriram os ouvidos e se lhe soltou a prisão da língua, e ele falou distintamente. 36Então, Jesus lhes ordenou que a ninguém o dissessem. Não obstante, quanto mais o proibia, tanto mais o divulgavam, 37e mais admirados, diziam: Tudo tem feito bem; fez os surdos ouvirem e os mudos falarem.
CREDO…
Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.
Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.
Ofertório / Salmo 29. 2-3
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.
Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.
Exaltábo te, Dómine, quóniam suscepísti me, nec delectásti inimícos meos super me: Dómine, clamávi ad te, et sanásti me.
Eu Vos exaltarei, Senhor, porque, me atendestes e não deixastes que os meus inimigos se rissem de mim. Senhor, por Vós clamei, e me curastes.
Secreta
É a antiga « oração sobre as oblatas », ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.
Réspice, Dómine, quǽsumus, nostram propítius servitútem: ut, quod offérimus, sit tibi munus accéptum, et sit nostræ fragilitátis subsidium. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Nós Vos pedimos, Senhor, olhai propício a nossa condição servil, a fim de que a nossa oferta Vos seja agradável e sirva de amparo à nossa fraqueza. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Communio / Provérbios 3. 9-10
Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.
Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.
Hónora Dóminum de tua substántia, et de prímitus frugum tuárum: et implebúntur hórrea tua saturitáte, et vino torculária redundábunt.
Honra ao Senhor, oferecendo-Lhe os teus bens e as primícias de teus frutos: os teus celeiros se encherão de trigo, e de vinho transbordarão os teus lagares.
Postcommunio
Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Sentiámus, quǽsumus, Dómine, tui perceptióne sacraménti, subsídium mentis et córporis: ut, in utróque salváti, cæléstis remédii plenitúdine gloriémur. Per Dominum nostrum Iesum Christum.
Fazei, Senhor, que pela recepção deste Sacramento, sintamos conforto na alma e no corpo, e numa e noutro curados, possamos gozar da plenitude do remédio celestial. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Meditação
A Graça do Batismo
Fazei, Senhor, que a graça do santo batismo atinja em mim o seu pleno desenvolvimento.
1 — A cura do surdo-mudo de que fala o Evangelho deste dia (Mc. 7, 31-37), é uma imagem viva da graça do batismo. Também nós, fomos um dia conduzidos à presença de Jesus, num estado semelhante ao daquele pobre homem da Galiléia, isto é, surdos e mudos para a vida do espírito: e Jesus, na pessoa do Seu ministro, recebeu-nos com grande amor na fonte batismal. O sacerdote repetiu sobre nós o mesmo gesto do Mestre Divino e pronunciou a Sua mesma palavra: « effeta! » abre-te! Desde aquele instante o ouvido da nossa alma abriu-se à fé e a língua aos louvores do Senhor e tornamo-nos capazes de ouvir a voz da fé, a voz externa dos ensinamentos da Igreja e a voz interior do Espírito Santo que nos solicita para o bem; desde aquele instante, os nossos lábios puderam abrir-se para a oração, para o louvor, adoração e súplica. Mas depois o tumulto do mundo ensurdeceu-nos, distraiu-nos, o ruído das paixões diminuiu a nossa capacidade de ouvir a voz de Deus; também as conversas inúteis acerca das coisas terrenas, as excessivas ocupações e o interesse pelos acontecimentos do mundo tornaram-nos muitas vezes incapazes de uma oração profunda e sincera. E eis que hoje Jesus quer renovar em nós a graça batismal, quer repetir sobre nós a palavra onipotente: « effeta! ». Como precisamos de que Ele abra os nossos ouvidos, à sua voz, de que Ele nos torne mais atentos, mais sensíveis aos seus chamamentos! « O Senhor chama aos meus ouvidos para que eu o ouça como a um mestre », diz Isaías; e a seguir acrescenta: « Eu não o contradigo; não me retirei para trás » (50, 4 e 5). É esta a graça que hoje devemos pedir ao Senhor: que não somente escutemos a sua voz, mas que a sigamos sempre, sem jamais a contradizer; quanto mais fiéis formos em segui-la, mais nos tornaremos capazes de perceber os Seus suaves murmúrios. Peçamos ao mesmo tempo a graça de que os nossos lábios estejam sempre abertos para louvar o Senhor, para invocar a Sua misericórdia, para pedir humildemente perdão, acusando com sinceridade e arrependimento as nossas culpas.
2 — Os que tinham sido testemunhas do milagre de Jesus, admiravam-se, repetindo: « Fez bem todas as coisas: fez ouvir os surdos e falar os mudos ». Sim, Jesus fez bem todas as coisas, dispôs tudo excelentemente para a nossa santificação, preparou-nos todas as graças necessárias numa medida não só suficiente, mas até superabundante. Infelizmente nem sempre lhes correspondemos e muitas vezes o orgulho, o egoísmo e todas as nossas paixões não domadas convertem em mal o que o Senhor destinou para nosso bem. Se tivéssemos aceitado com amor e resignação aquelas dificuldades, aquelas provas, aquelas contrariedades que Deus permitiu para nos exercitarmos na virtude, teríamos feito grandes progressos, mas, ao contrário, com as nossas impaciências, os nossos protestos e lamentações apenas acumulamos faltas e infidelidades. Temos necessidade de corresponder melhor à graça, de ter o ouvido interior mais apurado a fim de nos apercebermos de todos os convites para o bem que o Senhor continuamente nos dirige através das várias circunstâncias da vida.
A Missa de hoje e particularmente a Epístola (I Cor. 15,1-10), apresenta-nos um magnífico modelo de correspondência à graça. É o Apóstolo São Paulo que, embora na sua humildade se declare “o mínimo dos Apóstolos”, exclama no entanto, com toda sinceridade: “Pela graça de Deus sou o que sou, e a sua graça que está em mim, não foi vã”. S. Paulo reconhece que de perseguidor da Igreja se tornou apóstolo, não por mérito seu mas unicamente pela graça; nada atribui a si mas tudo a Deus. Ao mesmo tempo, porém tem consciência da sua correspondência, correspondência que é sempre fruto da graça, mas que inclui também como elemento indispensável, a nossa livre adesão. Portanto, na base da nossa correspondência à graça tem que haver uma atitude de humildade profunda, quer dizer, temos de reconhecer sinceramente que, se existe em nós alguma coisa de bom é devida unicamente a Deus; e a esta atitude temos de juntar o assentimento livre e constante da nossa vontade aos chamamentos divinos. Sem a graça não seremos capazes de dar esse assentimento e contudo, ele depende de nós, está nas nossas mãos. Por isso, como S. Paulo, nada podemos atribuir ao nosso merecimento, mas com ele devemos repetir: « Pela graça de Deus sou o que sou ». A nossa livre adesão à graça deve dar-nos o direito de acrescentarmos: « e a sua graça que está em mim não foi vã ». Só uma adesão constante, fiel, generosa nos dará tal direito.
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