Por Juliana Fragetti Ribeiro Lima
Numa tarde agradável, em meio a tantos afazeres com a novena solene à virgem do Carmo, Padre Everaldo nos recebe para uma entrevista breve mas encantadora, onde conhecemos um pouco de como foi essa reforma. Temos uma pequena aula que ele nos dá a respeito do Carmelo também e mostra-nos ainda um pouco de quem é este sacerdote. Na sacristia da Igreja do Carmo, ainda com o barulho de algumas serras trabalhando (não, não acabou, a reforma ainda seguirá!), conversamos com o Pe. Everaldo. Confira.
Padre, fale para nós sobre essa reforma. Qual foi o estopim para o senhor reformular e renovar o altar-mór?
Essa reforma tem uma caminhada longa. A princípio, nós começamos renovando o arco do cruzeiro (o arco que fica em cima da mesa da comunhão), foi um trabalho que levou um ano. Em seguida, nós fizemos a parte do forro do presbitério, que levou mais um ano. E agora, dois anos de reforma do altar-mór, do retábulo, com a preocupação que nós temos de preservar o patrimônio.
A Igreja do Carmo é uma igreja que é um patrimônio não só da nossa cidade, da nossa Ordem, da nossa Administração, mas do nosso estado e um patrimônio do Brasil, dada a sua beleza, a sua antiguidade, é uma coisa que nós temos que preservar. E a ação do tempo, se a gente não fizer nada, vai destruindo e vai levando tudo. Nós tentamos (estamos tentando com essa reforma) preservar o patrimônio e também aproximar o máximo possível a igreja das suas características originais, tanto quanto possível. Infelizmente não é possível chegar no original dadas as mudanças por que a igreja passou ao longo dos tempos.
O gatilho foi o quê? Começou a…
Não, não começou a cair nada, mas era a necessidade que a gente via de tornar mais bonito, mais vivo.
E essas cores foram uma recuperação?
Foi uma recuperação. As cores anteriores eram mais antigas mas já eram repintura, porém ainda não é a primeira cor, porque não era possível chegar nela. As cores que nós chegamos não era possível mais voltar, porque era todo um conjunto. Mas era uma das mais antigas, o que estava mais perto do original.
A gente sabe que a Ordem Terceira é algo de muito rico, tem toda uma tradição ali. Como é para o senhor estar hoje como diretor espiritual desse sodalício, sendo que é um dos poucos sodalícios do Brasil a preservar o hábito dos terceiros, por exemplo, além de outras coisas. Isso representa o que para o senhor?
É uma coisa muito importante para mim, pessoalmente também, já que a Ordem do Carmo é uma ordem muito antiga, que trouxe muitos frutos de santidade para a Igreja. A Ordem começa no finalzinho do século XI e começo do século XII lá no monte Carmelo e depois, por perseguição por parte dos muçulmanos, a Ordem se transferiu para o Ocidente, se adaptou a uma nova realidade e acabou se espalhando no Ocidente, inclusive vindo para o Brasil. E a Ordem Terceira é um meio de se participar da espiritualidade da Ordem Primeira e da Ordem Segunda, que é a vida vivida pelos frades e pelas freiras, no espírito do Carmelo. Qual é o espírito do Carmelo? É o espírito da oração, da contemplação, da união com Deus. Os primeiros carmelitas foram aqueles cruzados que foram para conquistar a Terra Santa e ao passar pelo Carmelo, eles ficaram encantados. Primeiro pela beleza geográfica do Carmelo e pela beleza também da memória do Carmelo: a beleza do profeta Elias, o homem da contemplação, o homem da oração, o homem do poder da oração, que fez o céu fechar, que fez o céu se abrir. O homem que fez muitas coisas prodigiosas, manifestando o poder do único e verdadeiro Deus. Então o que os primeiros carmelitas quiseram? Viver essa vida de contemplação, viver essa união com Deus, também apontando para Nossa Senhora. E os carmelitas viram um simbolismo naquela nuvenzinha vista por Elias que era uma prefiguração, um símbolo do que seria Nossa Senhora. Então, Nossa Senhora do Monte Carmelo. A vida de Elias, o estilo de vida de Elias no monte Carmelo sob a devoção a Nossa Senhora.
Conte um pouco para nós da sua vocação sacerdotal e como foi o senhor parar de diretor espiritual tanto dos terciários como do Seminário? O senhor gosta de ensinar, então?
Bom, nessa parte acaba que não é muito gosto, né? Não é nunca a gente que escolhe. A minha vocação começa quando eu tinha dezoito anos e comecei a refletir, pensar e ingressei no seminário e fiz meus estudos. Fui ordenado sacerdote em 2001, com a graça de Deus e a providência é que encaminha, né? Não somos nós que escolhemos, mas a providência, é Deus que vai conduzindo a nossa vida e a gente se coloca nas mãos de Deus e nas mãos dos nossos superiores. Foi Dom Licínio Rangel que me colocou tanto na Ordem Terceira como no Seminário. No Seminário com essa atividade de ensino quanto com a ajuda espiritual e aqui como assistente espiritual da Ordem Terceira. São os caminhos de Deus. A gente vai tentando ouvir e ver a vontade de Deus manifestada nos sinais e naquelas pessoas que Deus colocou para conduzir-nos também.
O senhor faria tudo isso de novo?
Com certeza! Não falo, como alguns, que faria tudo igual de novo. Não faria igual, mas tentaria fazer melhor.
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