« Liturgia Dominical » †24º Domingo depois de Pentecostes (6ºdepois da Epifania transferido) verde – 2ª classe.
« Abrirei em parábolas os meus lábios e publicarei coisas ocultas desde a criação do mundo ».
Intróito / DICIT DÓMINUS — Jeremias 29. 11-14; Salmo 84. 2;
O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.
O profeta Jeremias anuncia o fim dum cativeiro, de que o de Babilônia foi apenas figura.
Dicit Dóminus: Ego cógito cogitatiónes pacis, et non afflictiónis: invocábitis me, et ego exáudiam vos: et redúcam captivitátem vestram de cunctis locis. Ps. Benedixísti, Dómine, terram tuam: avertísti captivitátem Jacob. ℣. Glória Patri.
Assim diz o Senhor: Meus pensamentos são de paz e não de aflição. Clamai por mim e eu vou ouvirei. Reconduzir-vos-ei de vosso cativeiro, de todos os lugares. Sl. Abençoastes, Senhor, a vossa terra; livrastes Jacó do cativeiro. ℣. Glória ao Pai.
Oração (Colecta)
Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.
Tenhamos confiança na palavra divina e acolhamo-la na nossa vida; dará nela frutos abundantes.
Præsta, quǽsumus, omnípotens Deus: ut, semper rationabília meditántes, quæ tibi sunt plácita, et dictis exsequámur et factis. Per Dominum nostrum Jesum Christum.
Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, meditando sem cessar o que é espiritual, executemos sempre em palavras e obras o que é de vosso agrado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Epístola S. Paulo Apóstolo aos Tessalonicessences 1. 1. 2-10
O termos sido objeto do chamamento divino, deve encher-nos de alegria e duma tranquila segurança, na expectativa da última vinda de Cristo.
Fratres: Grátias ágimus Deo semper pro ómnibus vobis, memóriam vestri faciéntes in oratiónibus nostris sine intermissióne, mémores óperis fídei vestræ, et labóris, et caritátis, et sustinéntiæ spei Dómini nostri Jesu Christi, ante Deum et Patrem nostrum: sciéntes, fratres, dilécti a Deo. electiónem vestram: quia Evangélium nostrum non fuit ad vos in sermóne tantum, sed et in virtúte, et in Spíritu Sancto, et in plenitúdine multa, sicut scitis quales fuérimus in vobis propter vos. Et vos imitatóres nostri facti estis, et Dómini, excipiéntes verbum in tribulatióne multa, cum gáudio Spíritus Sancti: ita ut facti sitis forma ómnibus credéntibus in Macedónia et in Achája. A vobis enim diffamátus est sermo Dómini, non solum in Macedónia et in Achája, sed et in omni loco fides vestra, quæ est ad Deum, profécta est, ita ut non sit nobis necésse quidquam loqui. Ipsi enim de nobis annúntiant, qualem intróitum habuérimus ad vos: et quómodo convérsi estis ad Deum a simulácris, servíre Deo vivo et vero, et exspectáre Fílium ejus de cælis quem suscitávit ex mórtuis Jesum, qui erípuit nos ab ira ventúra.
Irmãos: 2Damos sempre graças a Deus por todos vós, fazendo continuamente menção de vós em nossas orações. 3Lembramo-nos diante de Deus, nosso Pai, da obra de vossa fé, dos trabalhos de vossa caridade e da firmeza de vossa esperança em Nosso Senhor Jesus Cristo. 4Sabemos, irmãos amados por Deus, que fostes escolhidos, 5porquanto o nosso Evangelho não vos foi pregado somente em palavras, mas na força do Espírito Santo e em grande plenitude, como sabeis que estivemos entre vós para o vosso bem. 6E vós vos fizestes imitadores nossos e do Senhor, recebendo a palavra no meio de muitas tribulações com a alegria do Espírito Santo, 7a tal ponto que servistes de modelo para todos os crentes, na Macedônia e na Acaia. 8Porque entre vós, não só a palavra do Senhor se divulgou na Macedônia e na Acaia, como ainda a vossa fé em Deus correu por toda a parte, de modo que não nos é necessário dizer coisa alguma, 9uma vez que eles mesmos contam qual o acolhimento que tivemos entre vós, e como vos convertestes dos ídolos para Deus, para servir ao Deus vivo e verdadeiro, 10e para esperardes do Céu o seu Filho Jesus (a quem ressuscitou dentre os mortos) que nos livrou da ira futura.
Gradual / Salmo 43. 8-9
Cantos, por via de regra, tirados dos Salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.
Liberásti nos, Dómine, ex affligéntibus nos: et eos, qui nos odérunt, confudísti. ℣.In Deo laudábimur tota die, et in nómine tuo confitébimur in saecula.
Vós nos livrastes, Senhor, dos que nos afligiam e confundistes os que nos odiavam. ℣. Em Deus nos gloriamos todo o dia; e louvamos eternamente o vosso Nome.
Aleluia / Salmo 129. 1-2
« Aleluia » é um grito de júbilo, que significa: « louvai ao Senhor ».
Allelúia, allelúia. De profúndis clamávi ad te, Dómine: Dómine, exáudi oratiónem meam. Allelúia.
Aleluia, aleluia. ℣. Das profundezas do abismo, eu clamo a Vós, Senhor! Senhor atendei à minha oração. Aleluia.
Evangelho segundo São Mateus 13. 31-35
Entre as parábolas do reino, a do grão de mostarda e a do fermento anunciam o maravilhoso progresso da Igreja, até ao fim dos tempos.
In illo témpore: Dixit Jesus turbis parábolam hanc: Símile est regnum cælórum grano sinápis, quod accípiens homo seminávit in agro suo: quod mínimum quidem est ómnibus semínibus: cum autem créverit, majus est ómnibus oléribus, et fit arbor, ita ut vólucres cæli véniant et hábitent in ramis ejus. Aliam parábolam locútus est eis: Símile est regnum cælórum ferménto, quod accéptum múlier abscóndit in farínæ satis tribus, donec fermentátum est totum. Hæc ómnia locútus est Jesus in parábolis ad turbas: et sine parábolis non loquebátur eis: ut implerétur quod dictum erat per Prophétam dicéntem: Apériam in parábolis os meum, eructábo abscóndita a constitutióne mundi.
Naquele tempo, 31propôs Jesus ao povo esta parábola: « O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda, que um homem tomou e semeou em seu campo. 32Este grão é, em verdade, a menor de todas as sementes, mas depois de crescida, é a maior de todas as hortaliças e chega a tornar-se uma árvore, de maneira que as aves do Céu se vêm aninhar entre os seus ramos ». 33Disse-lhes ainda outra parábola: « O Reino dos Céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até que toda ela fique levedada ». 34Todas estas coisas disse Jesus ao povo em parábolas; e não lhe falava senão em parábolas, 35para que se cumprisse o que estava escrito pelo Profeta: « Abrirei em parábolas os meus lábios e publicarei coisas ocultas desde a criação do mundo ».
CREDO…
Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.
Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.
Ofertório / Salmo 129. 1-2
Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito. Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.
De profúndis clamávi ad te, Dómine: Dómine, exáudi oratiónem meam: de profúndis clamávi ad te, Dómine.
Das profundezas do abismo, eu clamo a Vós, Senhor! Senhor, atendei à minha oração. Das profundezas do abismo, eu clamo a Vós, Senhor.
Secreta
É a antiga « oração sobre as oblatas », ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.
Hæc nos oblátio, Deus, mundet, quǽsumus, et rénovet, gubérnet et prótegat. Per Dominum nostrum Jesum Christum
Nós Vos pedimos, ó Deus, que esta oferta nos purifique, renove, governe e proteja. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Communio / S. Marcos 11. 24
Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.
Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.
Amen, dico vobis, quidquid orántes pétitis, crédite, quia accipiétis, et fiet vobis.
Em verdade, vos digo: tudo o que pedirdes em vossa oração, crede que o recebereis, e vos será feito.
Postcommunio
Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.
Cæléstibus, Dómine, pasti delíciis: quǽsumus; ut semper éadem, per quæ veráciter vívimus, appétimus. Per Dominum nostrum Jesum Christum.
Nutridos, Senhor, com as celestes delícias, nós Vos pedimos que sempre desejemos o que em verdade nos comunica a Vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Meditação
O Grão de Mostarda
Ó Senhor, que o Vosso reino venha a toda terra e ao meu coração.
1 — Entre os textos da Missa de hoje, sobressai a parábola do grão de mostarda, tão breve, mas tão rica de significado: « O Reino dos Céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo; é a menor das sementes, mas depois de ter crescido, a maior de todas as hortaliças e faz-se árvore de sorte que as aves do céu vêm repousar sob os seus ramos » (Mt. 13, 31-32). Nada de menor e de mais humilde que o « Reino dos Céus », isto é, a Igreja nas suas origens; Jesus, sua Cabeça e seu Fundador, nasce numa gruta de animais, vive durante trinta anos na oficina de um carpinteiro; e, apenas por três anos desenvolve a Sua atividade no meio de gente humilde, pregando uma doutrina tão simples que todos, mesmo os ignorantes, podem entender. Quando Jesus deixou a Terra, a Igreja era constituída por um exíguo grupo de doze homens, reunidos à volta de uma humilde mulher, Maria; mas este primeiro núcleo tem uma força tão vital e poderosa, que em poucos anos se difunde por todos os povos do vasto Império Romano. Progressivamente, através dos séculos, a Igreja, de minúsculo grão de mostarda semeado no coração de uma Virgem-Mãe e de uns pobres pescadores, transforma-se em árvore gigantesca que estende os seus ramos por todas as regiões do globo e a cuja sombra se acolhem gentes de todas as línguas e de todas as nações.
A Igreja não é só uma sociedade de homens, mas de homens que têm Jesus, o Filho de Deus, por Cabeça; a Igreja é o Cristo total, quer dizer, Jesus e os fiéis incorporados nEle e formando com Ele um só corpo; a Igreja é o Corpo místico de Cristo de que cada batizado é um membro. Amar a Igreja é amar Jesus; trabalhar pela difusão da Igreja é trabalhar pelo incremento do Corpo místico de Cristo, a fim de que seja completo o número dos seus membros e que cada membro coopere para o seu esplendor. A breve invocação: « adveniat regnum tuum » tudo isto resume e solicita do Pai celeste.
Será pouco o que podemos fazer pela difusão da Igreja? Façamo-lo ao menos com todo o coração, cooperemos também nós com o nosso pobre trabalho, verdadeiro grão de mostarda, para o desenvolvimento desta maravilhosa árvore na qual todos os homens devem encontrar salvação e repouso.
2 — A parábola do grão de mostarda leva-nos a pensar não só na expansão do reino de Deus no mundo, mas também no seu desenvolvimento no nosso coração. Porventura não disse Jesus: « O Reino de Deus está dentro de vós »? (Lc. 17, 21). Também em nós, este reino maravilhoso teve o seu início numa pequeníssima semente, a semente da graça: graça santificante que de um modo oculto e misterioso Deus semeou em nós no santo Batismo; graça atual das boas inspirações e da palavra divina — « semen est verbum Dei » (Lc. 8,11) — que Jesus, Semeador celeste, espalhou às mãos cheias nas nossas almas. Pouco a pouco, esta pequena semente germinou, lançou raízes cada vez mais profundas, e cresceu penetrando progressivamente em todo o nosso espírito, até que, tendo-nos conquistado inteiramente para Deus, sentimos a necessidade de exclamar: « Senhor tudo quanto tenho e sou, é Vosso; dou-me todo a Vós quero ser Vosso Reino ». Ser totalmente reino de Deus, de modo que Ele seja o único Soberano e Dominador do nosso coração e nada exista em nós que não Lhe pertença ou não esteja sujeito ao Seu império, é o ideal da alma que ama a Deus com um amor total. Mas como conseguir o pleno desenvolvimento deste reino de Deus em nós? A segunda parábola que lemos no Evangelho de hoje, dá-nos a resposta: « O reino dos Céus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até que o todo fica fermentado ». Eis uma outra imagem belíssima do trabalho que a graça realiza na nossa alma: a graça foi posta em nós como um fermento que crescerá pouco a pouco até impregnar toda a nossa personalidade divinizando-a inteiramente. A graça, fermento divino, foi-nos dada para sarar, elevar, santificar o nosso ser com todas as suas potências e faculdades; só quando tiver completado este trabalho, seremos totalmente Reino de Deus.
Reflitamos uma vez mais sobre o grande problema da nossa correspondência à graça. Esta semente divina, este fermento sobrenatural está em nós; quem o poderá impedir de se tornar uma árvore gigantesca, capaz de abrigar outras almas? Quem o poderá impedir de levedar toda a massa, se removermos todos os obstáculos que se opõem ao seu desenvolvimento e secundarmos os seus impulsos e exigências?
« Adveniat regnum tuum! » Sim, peçamos a vinda total do reino de Deus também aos nossos corações.
Faça um comentário