Liturgia Dominical – † 25º Domingo depois de Pentecostes

« Liturgia Dominical »

†25º e último Domingo depois de Pentecostes

verde – 2ª classe.

« Porque, haverá grande aflição, qual nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá ». Ev.

Intróito / DICIT DÓMINUS — Jeremias 29. 11-14; Salmo 84. 2

O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.

O profeta Jeremias anuncia o fim dum cativeiro, de que o de Babilônia foi apenas figura.

Dicit Dóminus: Ego cógito cogitatiónes pacis, et non afflictiónis: invocábitis me, et ego exáudiam vos: et redúcam captivitátem vestram de cunctis locis. Ps. Benedixísti, Dómine, terram tuam: avertísti captivitátem Jacob. ℣. Glória Patri,

Assim diz o Senhor: Meus pensamentos são de paz, e não de aflição. Clamai por mim e eu vos ouvirei. Reconduzir-vos-ei de vosso cativeiro, de todos os lugares. Sl. Abençoastes, Senhor, a vossa terra; livrastes Jacó do cativeiro. ℣. Glória ao Pai.

Oração (Colecta)

Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.

Deus tem apenas um objetivo: conduzir-nos para Si. Quanto mais zelosamente correspondermos a este desejo divino, tanto mais o Senhor reforçará em nós a ação da sua graça.

Excita, quǽsumus, Dómine, tuórum fidélium voluntátes: ut, divíni óperis fructum propénsius exsequéntes; pietátis tuæ remédia majóra percípiant. Per Dominum nostrum Jesum Christum.

Excitai, Senhor, nós Vos suplicamos, as vontades de vossos fiéis, a fim de que, procurando com mais fervor o fruto das obras divinas, mereçam de vossa misericórdia maiores remédios. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Leitura epístola de São Paulo Apóstolo aos Colossences 1. 9-14

« Tornados dignos de participar da luminosa herança dos santos », devemos levar, na terra, uma vida digna da nossa sublime vocação.

Fratres: Non cessámus pro vobis orántes et postulántes, ut impleámini agnitióne voluntátis Dei, in omni sapiéntia et intelléctu spiritáli: ut ambulétis digne Deo per ómnia placéntes: in omni ópere bono fructificántes, et crescéntes in scientia Dei: in omni virtúte confortáti secúndum poténtiam claritátis ejus in omni patiéntia, et longanimitáte cum gáudio, grátias agentes Deo Patri, qui dignos nos fecit in partem sortis sanctórum in lúmine: qui erípuit nos de potestáte tenebrárum, et tránstulit in regnum Fílii dilectiónis suæ, in quo habémus redemptiónem per sánguinem ejus, remissiónem peccatórum.

Irmãos: 9Não cessemos de orar a Deus por vós, e de pedir que tenhais pleno conhecimento de sua vontade, em toda a sabedoria e inteligência espiritual; 10para que possais andar de uma maneira digna de Deus, agradar-Lhe em tudo, frutificar em toda boa obra, e crescer no conhecimento de Deus; 11fortalecidos em toda a virtude pelo poder de sua glória; em toda a paciência, longanimidade e alegria; 12rendendo graças a Deus Pai, que nos tornou dignos de participar da herança dos Santos na luz. 13Ele nos tirou do poder das trevas1 e nos transportou ao Reino do seu Filho amado, 14por cujo Sangue temos a redenção dos pecados.

1 Do Demônio.

Gradual / Salmo 43. 8-9

Gradual e Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.

Liberásti nos, Dómine, ex affligéntibus nos: et eos, qui nos odérunt, confudísti. ℣. In Deo laudábimur tota die, et in nómine tuo confitébimur in sæcula.

Vós nos livrastes, Senhor, dos que nos afligiam e confundistes os que nos odiavam. ℣. Em Deus nos gloriamos todo dia, e louvamos eternamente o vosso Nome.

Aleluia / Salmo 129. 1-2

Allelúia, allelúia. De profúndis clamávi ad te, Dómine: Dómine, exáudi oratiónem meam. Allelúja.

Aleluia, aleluia. ℣. Das profundezas do abismo clamei a Vós, Senhor! Senhor, atendei à minha oração. Aleluia.

Evangelho segundo São Mateus 24. 15-35

O evangelho do fim dos tempos não deve perturbar-nos. É a passagem necessária do tempo à eternidade. Aqueles que acolherem Jesus Cristo sobre a terra serão por Ele introduzidos no Céu. Os que O rejeitaram, serão rejeitados. Imagem das desgraças que hão-de assinalar o fim do mundo, a ruína de Jerusalém, anunciada por Jesus, realizou-se menos de quarenta anos depois. Não sabemos quando chegará o fim do mundo, mas é certo que há-de vir e não há melhor maneira de para ele nos prepararmos que depor toda a nossa confiança em Jesus Cristo e viver dignamente a nossa vida de batizados.

In illo témpore: Dixit Jesus discípulis suis: Cum vidéritis abominatiónem desolatiónis, quæ dicta est a Daniéle Prophéta, stantem in loco sancto: qui legit, intélligat: tunc qui in Judǽa sunt, fúgiant ad montes: et qui in tecto, non descéndat tóllere áliquid de domo sua: et qui in agro, non revertátur tóllere túnicam suam. Væ autem prægnántibus et nutriéntibus in illis diébus. Oráte autem, ut non fiat fuga vestra in híeme vel sábbato. Erit enim tunc tribulátio magna, qualis non fuit ab inítio mundi usque modo, neque fiet. Et nisi breviáti fuíssent dies illi, non fíeret salva omnis caro: sed propter eléctos breviabúntur dies illi. Tunc si quis vobis díxerit: Ecce, hic est Christus, aut illic: nolíte crédere. Surgent enim pseudochrísti et pseudoprophétæ, et dabunt signa magna et prodígia, ita ut in errórem inducántur – si fíeri potest – étiam elécti. Ecce, prædíxi vobis. Si ergo díxerint vobis: Ecce, in desérto est, nolíte exíre: ecce, in penetrálibus, nolíte crédere. Sicut enim fulgur exit ab Oriénte et paret usque in Occidéntem: ita erit et advéntus Fílii hóminis. Ubicúmque fúerit corpus, illic congregabúntur et áquilæ. Statim autem post tribulatiónem diérum illórum sol obscurábitur, et luna non dabit lumen suum, et stellæ cadent de cælo, et virtútes cœlórum commovebúntur: et tunc parébit signum Fílii hóminis in cœlo: et tunc plangent omnes tribus terræ: et vidébunt Fílium hóminis veniéntem in núbibus cæli cum virtúte multa et majestáte. Et mittet Angelos suos cum tuba et voce magna: et congregábunt eléctos ejus a quátuor ventis, a summis cœlórum usque ad términos eórum. Ab árbore autem fici díscite parábolam: Cum jam ramus ejus tener fúerit et fólia nata, scitis, quia prope est æstas: ita et vos cum vidéritis hæc ómnia, scitóte, quia prope est in jánuis. Amen, dico vobis, quia non præteríbit generátio hæc, donec ómnia hæc fiant. Cœlum et terra transíbunt, verba autem mea non præteríbunt.

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 15« Quando virdes no lugar santo os horrores da desolação, que foi predita pelo profeta Daniel (9, 27), quem ler, entenda. 16Então, os que estiverem na Judéia, fujam para os montes; 17e o que se achar no terraço, não desça para ir buscar coisa alguma de sua casa; 18e o que estiver no campo, não volte para tomar a sua túnica. 19Ai, porém, das mães e dos seus filhinhos naqueles dias! 20Rogai, pois, que a vossa fuga não seja nem no inverno, nem em dia de sábado. 21Porque, haverá grande aflição2, qual nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá. 22E se esses dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas, por causa dos Eleitos, serão abreviados esses dias. 23Então, se alguém vos disser: Aqui está o Cristo, ou Ele está ali, não lhe deis crédito. 24Porque, se levantarão falsos Cristos e falsos profetas, e farão tão grandes prodígios e milagres, que, (se possível fora) até aos Eleitos enganariam. 25Vede que já vo-lo predisse. 26Se, pois, vos disserem: Ei-lo, está no deserto, não saiais. Ei-lo, aqui, no interior da casa, não lhes deis crédito. 27Porque, como o raio parte do Oriente e é visível até o Ocidente, assim, será a vinda do Filho do homem. 28Onde quer que esteja o cadáver, aí se ajuntarão as águias. 29Logo após a tribulação daqueles dias, o sol se escurecerá, a lua não dará mais a sua luz, as estrelas cairão do céu, e as forças do céu serão abaladas. 30Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do homem3 vindo sobre as nuvens do céu, com grande poder e glória. 31E enviará seus Anjos com forte clangor de trombetas e reunirão os eleitos, dos quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus. 32Da figueira aprendei, pois, uma comparação. Quando seus ramos já estão tenros e as folhas brotam, sabeis que já está próximo o verão; 33assim, também, quando virdes todas estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto, às portas. 34Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas se cumpram. 35Passará o céu e terra, mas as minhas palavras não passarão ».

2 Esta grande aflição consiste no complexo de males que hão-de preceder, acompanhar e seguir a destruição de Jerusalém, donde insensivelmente se passa, na perspectiva profética, para a descrição apocalíptica da segunda vinda gloriosa de Cristo Juiz.

3 Talvez a cruz da Redenção.

CREDO…

Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.

Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.

Ofertório / Salmo 129. 1-2

Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.

Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.

De profúndis clamávi ad te, Dómine: Dómine, exáudi oratiónem meam: de profúndis clamávi ad te, Dómine.

Das profundezas do abismo, eu clamo a Vós, Senhor! Senhor, atendei à minha oração. Das profundezas do abismo, eu clamo a Vós, Senhor.

Secreta

É a antiga « oração sobre as oblatas », ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.

Propítius esto, Dómine, supplicatiónibus nostris: et, pópuli tui oblatiónibus precibúsque suscéptis, ómnium nostrum ad te corda convérte; ut, a terrenis cupiditátibus liberáti, ad cœléstia desidéria transeámus. Per Dominum nostrum Jesum Christum.

Senhor, sede propício às nossas súplicas e, recebendo as ofertas e orações de vosso povo, convertei a Vós os nossos corações, para que, livres dos gozos terrestres nos elevemos aos desejos do Céu. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Communio / S. Marcos 11. 24

Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.

Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.

Amen, dico vobis, quidquid orántes pétitis, crédite, quia accipiétis, et fiet vobis.

Em verdade vos digo: tudo o que pedirdes em vossa oração, crede que o recebereis, e vos será feito.

Postcommunio

Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.

Concéde nobis, quǽsumus, Dómine: ut per hæc sacraménta quæ súmpsimus, quidquid in nostra mente vitiósum est, ipsorum medicatiónis dono curétur. Per Dominum nostrum Jesum Christum

Concedei, Senhor, Vos rogamos, que estes santos Sacramentos que recebemos, por sua força salutar curem quanto houver de vicioso em nossas almas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Meditação

O Fim dos Tempos

Meu Deus, Vós que no fim da vida me julgareis sobre o amor, tornai-me capaz de crescer nele cada dia.

1 — A Missa de hoje, último Domingo do ano litúrgico, é uma oração de agradecimento pelo ano findo, uma prece de propiciação pelo que vai começar, um aviso sobre a fugacidade da vida presente e um convite a prepararmo-nos para o último passo que nos há-de introduzir na vida eterna.

Na Epístola (Col. 1, 9-14) S. Paulo ora e dá graças em nome de toda a cristandade: « Não cessamos de orar por vós e de pedir que sejais cheios do conhecimento da Sua vontade… para que andeis de um modo digno de Deus, agradando-Lhe em tudo, frutificando em toda a boa obra ». Eis uma bela síntese de todo o trabalho que durante o ano inteiro a alma de vida interior se esforçou por realizar para se adaptar e conformar cada vez mais com a santa vontade de Deus, para se unir totalmente a ela, e assim, movida em tudo pela divina vontade, agir de modo a agradar em tudo ao Senhor. Louvemos a Deus se, com a Sua ajuda, conseguimos dar algum passo em frente neste caminho que, do modo mais seguro, nos guia à santidade; fazendo nossos os sentimentos do Apóstolo, rendamos graças « a Deus Pai, que nos tornou dignos de ter parte na herança dos santos »: a herança dos santos, a herança dos que tendem à santidade, é a união de amor com Deus, cá na Terra pela fé, e no Céu pela glória. Esta herança é nossa, porque Jesus no-la mereceu com o Seu Sangue, é nossa, porque em Jesus « temos a Redenção e a Remissão dos pecados », de tal forma que, purificados da culpa e revestidos da graça, pelos Seus méritos infinitos, podemos elevar-nos ao estado altíssimo e bem-aventurado da união com Deus.

Mas se com o auxílio divino conseguimos algum progresso, outros e maiores nos ficam ainda por realizar; por isso a Igreja, na Coleta do dia, faz por nós esta súplica: « Excitai, Senhor, a vontade dos Vossos fiéis, a fim de que, esforçando-se com maior ardor por fazer frutificar a obra divina, alcancem da Vossa bondade remédios mais eficazes ». É exatamente assim: quanto mais correspondermos à graça, maiores graças o Senhor nos concederá, e quanto mais apressarmos o passo para Ele, mais Ele nos atrairá a Si, até que deste encadeamento dos auxílios divinos e da nossa correspondência, resulte a santificação de cada um de nós.

2 — O Evangelho, (Mt. 24, 15-35) com a descrição do fim do mundo e da vinda de Cristo para julgar os vivos e os mortos, lembra-nos que assim como passa e acaba o ano litúrgico, também passa e acaba a vida do homem sobre a Terra. Tudo terá fim e, no fim de tudo, virá o majestoso epílogo: « Então aparecerá no céu o sinal [isto é, a cruz] do Filho do Homem; todas as tribos da Terra chorarão e verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade ». Jesus, que veio outrora à Terra na pobreza, no escondimento e na dor para nos ensinar o caminho do Céu e remir as nossas almas, tem todo o direito de voltar glorioso no fim dos tempos, para recolher os frutos da Sua obra e do Seu Sangue. Será então o nosso juiz e como Ele próprio disse, julgar-nos-á sobre o amor: « Vinde, benditos de meu Pai, possuí o reino… Porque tive fome e destes-me de comer; tive sede e destes-me de beber… Todas as vezes que vós fizestes isto a um dos meus irmãos menores, a mim o fizestes » (Mt. 25, 34-40). O seu doce preceito de amor, amor de Deus e amor do próximo, será o código segundo o qual seremos examinados. Felizes de nós se tivermos amado e amado muito! « São-lhe perdoados muitos pecados porque muito amou » (Lc. 7, 47), disse Jesus à mulher pecadora. Quanto maior e mais profundo for o nosso amor, tanto mais será capaz de satisfazer por todos os nossos pecados, por todas as nossas misérias e por todas as faltas em que, a despeito da nossa boa vontade, recaímos todos os dias.

« Por isso é um grande negócio para a alma — diz São João da Cruz — exercitar-se nesta vida em atos de amor, para que, consumando-se em breve, não se detenha muito cá nem lá sem ver a Deus » (CV. 1, 34). O Santo faz alusão à alma inflamada em amor divino que suspira ansiosamente pelo Céu para ver o seu Deus face a face e poder amá-Lo melhor. De qualquer modo, será sempre verdade que só um imenso exercício de amor pode conduzir à união com Deus, quer na Terra quer na eternidade bem-aventurada. Feliz a alma que, no fim da vida, tendo-se exercitado muito no amor, puder ser imediatamente admitida à união beatífica do Céu! Nada terá a recear do julgamento de Jesus, pelo contrário, este julgamento será a sua alegria e o seu gozo por toda a eternidade.

Extraído do Livro Intimidade Divina­ — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D. Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967.

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