Liturgia Dominical – † 2º Domingo depois da Páscoa – Domingo do Bom Pastor

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† 2º Domingo depois da Páscoa Domingo do Bom Pastor branco – 2ª classe.

« Ego sum Pastor Bonus! »Ev.

Intróito / MISERICORDIA DOMINI — Salmo 32. 5-6, 1

O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.

Canto solene de entrada, o Introito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia. Compunha-se antigamente duma antífona e de um salmo, que se cantava por inteiro. Hoje o salmo está reduzido a um só versículo.

Misericórdia Dómini plena est terra, allelúia: verbo Dómini coeli firmáti sunt, allelúia, allelúia. Ps. Exsultáte, iusti, in Dómino: rectos decet collaudátio. ℣. Glória Patri.

Da misericórdia do Senhor está cheia a terra, aleluia. Pela palavra do Senhor foram criados os céus, aleluia, aleluia. Sl. Exultai, ó Justos, no Senhor. Os retos de coração devem louvá-Lo. ℣. Glória ao Pai.

Oração (Colecta)

Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.

A humilhação do Filho de Deus eleva o mundo. Dando a vida pela salvação daqueles que o Pai lhe confiara, Jesus revelou-se o autentico Pastor, que Deus prometera ao seu povo.

Deus, qui in Filii tui humilitate iacéntem mundum erexísti: fidelibus tuis perpétuam concéde lætítiam; ut, quos perpétuæ mortis eripuísti casibus, gaudiis fácias perfrui sempitérnis. Per eundem Dominum nostrum Iesum Christum.

Ó Deus, que pela humilhação de vosso Filho levantastes o mundo do abatimento em que jazia, concedei a vossos fiéis a alegria perpétua, e, assim como os livrastes do perigo da morte eterna, fazei-os gozar as alegrias eternas. Pelo mesmo Jesus Cristo.

Epístola de São Pedro Apóstolo 1 2. 21-25

S. Pedro aplica a Jesus, « em cujas feridas fomos curados », a profecia de Isaías, sobre o Messias sofredor.

Caríssimi: Christus passus est pro nobis, vobis relínquens exémplum, ut sequámini vestígia eius. Qui peccátum non fecit, nec invéntus est dolus in ore eius: qui cum male dicerétur, non maledicébat: cum paterétur, non comminabátur: tradébat autem iudicánti se iniúste: qui peccáta nostra ipse pértulit in córpore suo super lignum: ut, peccátis mórtui, iustítiæ vivámus: cuius livóre sanáti estis. Erátis enim sicut oves errántes, sed convérsi estis nunc ad pastórem et epíscopum animárum vestrárum.

Caríssimos: 21O Cristo padeceu por nós, e deixou-vos o exemplo, para que sigais as suas pegadas, 22Ele não cometeu pecado, nem engano foi achado em sua boca1. 23Quando O injuriavam, a ninguém injuriava; e quando maltratado, não ameaçava, mas entregava-se a quem injustamente O julgava. 24Foi Ele mesmo quem levou os nossos pecados em seu Corpo, sobre o madeiro [da cruz] para que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Por suas chagas fostes curados2, 25pois, vós éreis como ovelhas desgarradas; agora, porém, já vos convertestes ao Pastor e Bispo de vossas almas.

1 Isaías 53.9

2 Isaías 53.4-5

Alelúia / Lucas 24. 35; João 10. 14

Cantos, por via de regra, tirados dos Salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.

Aleluia é um grito de júbilo, que significa: “louvai ao Senhor”.

Allelúia, allelúia. ℣. Cognovérunt discípuli Dóminum Iesum in fractióne panis. Allelúia. ℣. Ego sum pastor bonus: et cognósco oves meas, et cognóscunt me meæ. Allelúia.

Aleluia, aleluia. ℣. Os discípulos conheceram o Senhor Jesus na fração do pão. Aleluia. ℣. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas me conhecem. Aleluia.

Evangelho segundo São João 10. 11-16

« Conheço as minhas ovelhas »; isto é, Jesus ama-as, precisa S. Gregório. « E as minhas ovelhas conhencem-Me » — amam-Me e seguem-Me! Vede lá, irmãos, se sois, de fato, do número das suas ovelhas, se O amais, se O seguis! (Homilia de matinas).

In illo témpore: Dixit Iesus pharisaeis: Ego sum pastor bonus. Bonus pastor ánimam suam dat pro óvibus suis. Mercennárius autem et qui non est pastor, cuius non sunt oves própriæ, videt lupum veniéntem, et dimíttit oves et fugit: et lupus rapit et dispérgit oves: mercennárius autem fugit, quia mercennárius est et non pértinet ad eum de óvibus. Ego sum pastor bonus: et cognósco meas et cognóscunt me meæ. Sicut novit me Pater, et ego agnósco Patrem, et ánimam meam pono pro óvibus meis. Et alias oves hábeo, quæ non sunt ex hoc ovili: et illas opórtet me addúcere, et vocem meam áudient, et fiet unum ovíle et unus pastor.

Naquele tempo, 11disse Jesus aos fariseus: Eu sou o bom Pastor3. O Bom Pastor dá a sua vida por suas ovelhas. 12O mercenário, porém, o que não é pastor, de quem não são próprias as ovelhas, vendo chegar o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo rouba e dispersa as ovelhas. 13O mercenário foge, porque é mercenário e não lhe importam as ovelhas. 14Eu sou o Bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas me conhecem. 15Assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai, eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas. 16Outras ovelhas tenho eu ainda que não são deste aprisco. É preciso que eu as chame também, e ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.

  1. Ou melhor: « o verdadeiro e perfeito Pastor ».

CREDO…

Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.

Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.

Ofertório / Salmo 62. 2 e 5

Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito. Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.

Deus, Deus meus, ad te de luce vígilo: et in nómine tuo levábo manus meas, allelúia.

Ó Deus, meu Deus, eu velo a invocar-Vos desde a aurora; e em vosso Nome levantarei as minhas mãos, aleluia.

Secreta

É a antiga “oração sobre as oblatas”, ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.

É neste último que se faz propriamente a oblação do sacrifício.

Benedictiónem nobis, Dómine, cónferat salutárem sacra semper oblátio: ut, quod agit mystério, virtúte perfíciat. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Fazei, Senhor, que esta sagrada Oblação nos obtenha sempre a vossa bênção salutar, para que produza por sua força o que representa no Mistério. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Communio / S. Joao 10. 14

Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.

Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.

Ego sum pastor bonus, allelúia: et cognósco oves meas, et cognóscunt me meæ, allelúia, allelúia.

Eu sou o bom Pastor, aleluia. E conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem, aleluia, aleluia.

Postcommunio

Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.

Præsta nobis, quǽsumus, omnípotens Deus: ut, vivificatiónis tuæ grátiam consequéntes, in tuo semper múnere gloriémur. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Concedei-nos, ó Deus onipotente, que, tendo alcançado a graça de uma vida nova, sempre nos gloriemos em vossas dádivas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Meditação

O Bom Pastor

Venho a Vós, ó Jesus, meu bom Pastor, conduzi-me às pastagens da vida eterna.

1 — Na doce figura do Bom Pastor, a liturgia de hoje resume tudo o que Jesus fez pelas nossas almas.

O Pastor é tudo para as suas ovelhas: a sua vida, o seu alimento, a sua guarda, estão inteiramente nas suas mãos e se o pastor é bom, sob a sua proteção nada tem a temer e nada lhes faltará.

Jesus é o Bom Pastor por excelência: Ele não só ama, alimenta e guarda as suas ovelhas, mas dá-lhes a sua própria vida e dá-lha à custa da Sua. Mediante a encarnação, o Filho de Deus veio à terra em busca dos homens que, semelhantes a ovelhas perdidas, se afastaram do redil e se perderam no vale tenebroso do pecado. Vem como pastor amantíssimo que, para melhor socorrer o Seu rebanho, não hesita em partilhar a sua sorte. A Epístola do dia (I Ped. 2, 21-25), apresenta-no-Lo assim, carregando os nossos pecados para nos curar pela Sua Paixão. « Foi Ele mesmo que levou os nossos pecados em Seu corpo, sobre o madeiro da cruz a fim de que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; éreis como ovelhas desgarradas, mas agora vos convertestes ao Pastor e bispo das vossas almas ». « Eu sou o Bom Pastor — disse Jesus — e dou a vida pelas minhas ovelhas ». No ofício do tempo pascal a Igreja canta repetidas vezes: « Ressuscitou o Bom Pastor, que deu a vida pelas suas ovelhas e se dignou morrer pelo seu rebanho ». Como poderia sintetizar-se melhor toda a obra da redenção? Esta surge ainda mais grandiosa quando da boca de Jesus ouvimos dizer: « Eu vim para que elas tenham vida e estejam na abundância » (Jo. 10, 10). Na verdade Ele podia repetir a cada um de nós: « que coisa poderia Eu fazer por ti que não tivesse feito? » (cfr. Is. 5, 4). Oh! se a nossa generosidade em nos darmos a Ele não tivesse limites, como não teve a Sua ao dar-Se a nós!

2 — Jesus diz ainda: « Eu conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-me, como o Pai me conhece, assim eu conheço o Pai » (Jo. 10, 11-16). Ainda que não se trate de igualdade, mas de simples semelhança, quão reconfortante e quão glorioso é para nós ver como Jesus gosta de comparar as sua relações conosco às Suas relações com o Pai! Na última ceia também disse: « Como o Pai me amou, assim eu vos amei », e ainda: « Como tu, Pai o és em mim e eu em Ti , que também eles sejam um em nós » (Jo. 15, 9; 17, 21). Isto mostra-nos como, entre nós — as ovelhas — e Jesus — o Bom Pastor — não existe só uma relação de conhecimento, mas também de amor, de comunidade de vida, semelhante à que existe entre o Pai e o Filho. Chegamos a estas relações com o nosso Deus — tão profundas que nos fazem participar da Sua própria vida íntima — mediante a graça, a fé e a caridade que o Bom Pastor nos mereceu, dando a Sua vida por nós.

Entre o Bom Pastor e as Suas ovelhas estabelece-se assim uma íntima relação de conhecimento amoroso, tão íntima, que o Pastor conhece uma a uma as Suas ovelhas e as chama pelo nome e elas conhecem a Sua voz e seguem-No docilmente. Cada alma pode dizer: Jesus conhece-me e ama-me, não de um modo genérico e abstrato, mas concreto, nas minhas necessidades, nos meus desejos, na minha vida. Para Ele, conhecer-me significa fazer-me bem, envolver-me cada vez mais com a Sua graça, santificar-me. Porque me ama, Jesus chama-me pelo meu nome. Chama-me quando, na oração, me abre novos horizontes de vida espiritual, ou me faz conhecer melhor os meus defeitos, a minha miséria. Chama-me quando me repreende ou me purifica por meio da aridez e quando me consola e encoraja, infundindo-me novo fervor. Chama-me, quando me faz sentir a necessidade de maior generosidade, quando me pede sacrifícios ou me concede alegrias e, mais ainda, quando desperta em mim um amor mais profundo por Ele. Perante os seus apelos, a minha atitude deve ser a da ovelha dedicada que reconhece a voz do seu Pastor e O segue sempre.

Extraído do Livro Intimidade Divina­ — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D. Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967.

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