Liturgia Dominical – nº 05 † 12º Domingo depois de Pentecostes

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Ano 6 – nº 332 – 27 de agosto de 2017

† 12º DOMINGO DEPOIS DE PENTECOSTES

verde – 2a. classe.

« Aproximou-se, então, ligou-lhe as feridas e deitou nelas óleo e vinho » Ev.

Hoje, último Domingo de agosto, é o Dia Nacional do Catequista.

Dia 30, quarta-feira, S. Rosa de Lima, Virgem, Padroeira da América Latina – 1a. classe.

Intróito /DEUS IN ADIUTÓRIUM— Salmo 69. 2-4

O Intróito como que enuncia o tema geral da Missa ou solenidade do dia.

As horas canônicas começam todas pelo « Deus in adjutorium », que abre a missa deste domingo. Era a oração incessante dos Padres do deserto.

Deus, in adiutórium meum inténde: Dómine, ad adiuvándum me festína: confundántur et revereántur inimíci mei, qui quærunt ánimam meam. Ps. Avertántur retrórsum et erubéscant: qui cógitant mihi mala. . Glória Patri.

Ó Deus, vinde em meu auxílio. Senhor, apressai-Vos em me socorrer. Confundam-se e envergonhem-se os meus inimigos, que procuram tirar-me a vida. Sl. Voltem para trás e fiquem envergonhados os que me querem mal. ℣. Glória ao Pai.

Oração (Colecta)

Pedimos ao Senhor aquilo de que precisamos nesse dia para a nossa salvação.

Numa breve oração, o celebrante resume e apresenta a Deus os votos de toda a assembleia, votos estes sugeridos pelo mistério ou solenidade do dia.

Omnípotens et miséricors Deus, de cuius múnere venit, ut tibi a fidélibus tuis digne et laudabíliter serviátur: tríbue, quǽsumus, nobis; ut ad promissiónes tuas sine offensióne currámus. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Ó Deus onipotente e misericordioso, que dais a vossos fiéis a graça de Vos oferecerem um culto digno e louvável, concedei, Vos pedimos que, sem impedimento, corramos ao encontro de vossas promessas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Epístola de São Paulo Apóstolo aos Coríntios II.3. 4-9

Pregador do Evangelho, S. Paulo tem consciência de exercer um ministério incomparável, maior e mais aproximado de Deus que o do próprio Moisés.

Fratres: Fidúciam talem habémus per Christum ad Deum: non quod sufficiéntes simus cogitáre áliquid a nobis, quasi ex nobis: sed sufficiéntia nostra ex Deo est: qui et idóneos nos fecit minístros novi testaménti: non líttera, sed spíritu: líttera enim occídit, spíritus autem vivíficat. Quod si ministrátio mortis, lítteris deformáta in lapídibus, fuit in glória; ita ut non possent inténdere fili Israël in fáciem Moysi, propter glóriam vultus eius, quæ evacuátur: quómodo non magis ministrátio Spíritus erit in glória? Nam si ministrátio damnátionis glória est multo magis abúndat ministérium iustítiæ in glória.

Irmãos: 4Temos pelo Cristo esta confiança em Deus: 5não que sejamos capazes de atribuir-nos alguma coisa como nossa, porém, a nossa capacidade vem de Deus. 6Ele nos fez ministros idôneos do Novo Testamento; não segundo a letra, mas segundo o Espírito, porque a letra mata, enquanto o Espírito vivifica. 7Se o ministério da [lei que causou a] morte1, gravado com letras em pedras, foi de tanta glória que os filhos de Israel não podiam fixar os olhos na face de Moisés, por causa do esplendor de seu semblante, que era passageiro, 8como não será de maior glória o ministério do Espírito? 9Porque, se o ministério da condenação já era tão glorioso, muito mais glorioso será o ministério da justificação.

  • Chama-se « ministério de morte » moral à Lei mosaica, porque dava ao homem a consciência do pecado, e, por isso, de pecador, mas não o libertava dessa situação, — o que seria próprio da Lei da Graça.

Gradual /Salmo 33. 2-3

Gradual e Aleluia, são cantos intercalares, por via de regra, tirados dos salmos e que traduzem os devotos afetos produzidos na alma pela leitura da Epístola ou sugeridos pelo Mistério do dia.

Benedícam Dóminum in omni témpore: semper laus eius in ore meo. . In Dómino laudábitur ánima mea: áudiant mansuéti, et læténtur.

Bendirei ao Senhor em todo o tempo; em minha boca estará sempre o seu louvor. ℣. No Senhor se gloriará minha alma. Ouçam os humildes e se alegrem.

Aleluia /Salmo 87. 2

Allelúia, alleluia. . Dómine, Deus salútis meæ, in die clamávi et nocte coram te. Allelúia.

Aleluia, aleluia. ℣. Senhor Deus de minha salvação, de dia e de noite clamo diante de Vós. Aleluia.

Evangelho segundo São Lucas10. 23-37

Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, é o primeiro mandamento da lei de Deus. Deste duplo amor, Jesus Cristo nos deixou o maior exemplo que possa dar-se.

In illo témpore: Dixit Iesus discípulis suis: Beáti óculi, qui vident quæ vos videtis. Dico enim vobis, quod multi prophétæ et reges voluérunt vidére quæ vos videtis, et non vidérunt: et audire quæ audítis, et non audiérunt. Et ecce, quidam legisperítus surréxit, tentans illum, et dicens: Magister, quid faciéndo vitam ætérnam possidébo? At ille dixit ad eum: In lege quid scriptum est? quómodo legis? Ille respóndens, dixit: Díliges Dóminum, Deum tuum, ex toto corde tuo, et ex tota ánima tua, et ex ómnibus víribus tuis; et ex omni mente tua: et próximum tuum sicut teípsum. Dixítque illi: Recte respondísti: hoc fac, et vives. Ille autem volens iustificáre seípsum, dixit ad Iesum: Et quis est meus próximus? Suscípiens autem Iesus, dixit: Homo quidam descendébat ab Ierúsalem in Iéricho, et íncidit in latrónes, qui étiam despoliavérunt eum: et plagis impósitis abiérunt, semivívo relícto. Accidit autem, ut sacerdos quidam descénderet eádem via: et viso illo præterívit. Simíliter et levíta, cum esset secus locum et vidéret eum, pertránsiit. Samaritánus autem quidam iter fáciens, venit secus eum: et videns eum, misericórdia motus est. Et apprópians, alligávit vulnera eius, infúndens óleum et vinum: et impónens illum in iuméntum suum, duxit in stábulum, et curam eius egit. Et áltera die prótulit duos denários et dedit stabulário, et ait: Curam illíus habe: et quodcúmque supererogáveris, ego cum redíero, reddam tibi. Quis horum trium vidétur tibi próximus fuísse illi, qui íncidit in latrónes? At lle dixit: Qui fecit misericórdiam in illum. Et ait illi Iesus: Vade, et tu fac simíliter.

Naquele tempo, 23disse Jesus a seus discípulos: Bem-aventurados os olhos que veem o que vós vedes!24Porque vos digo, muitos profetas e reis desejaram ver o que vedes, e não viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram. 25E eis que um Doutor da lei se levantou para O tentar, e perguntou: Mestre, que ei de fazer para possuir a vida eterna? 26Jesus lhe disse: Que está escrito na lei? Como é que lês? 27Ele respondeu: Amarás ao Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e a teu próximo como a ti mesmo. 28E Jesus lhe disse: Respondeste bem; faze isto e viverás. 29Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo? 30Em resposta, Jesus disse: Um homem que descia de Jerusalém a Jericó, caiu nas mãos dos ladrões. Estes o despojaram, e, depois de o ferirem, foram-se, deixando-o semimorto. 31Ora, sucedeu que um sacerdote desceu pelo mesmo caminho, e, vendo-o, passou de largo. 32Igualmente, chegou um levita perto do lugar e, vendo-o, passou adiante. 33Mas, um Samaritano2, de viagem, passou pelo mesmo caminho, chegou perto dele, e, quando o viu, compadeceu-se.34Aproximou-se, então, ligou-lhe as feridas e deitou nelas óleo e vinho; e, pondo-o sobre o seu jumento, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. 35No outro dia tirou dois dinheiros, deu-os ao hospedeiro e disse: Toma cuidado dele; e quanto gastares a mais, quando voltar te pagarei. 36Qual destes três te parece que se portou como o próximo daquele que caiu em poder dos ladrões? 37O doutor da lei respondeu: O que usou de misericórdia para com ele. Tornou-lhe Jesus: Vai, e faze o mesmo.

  1. Dum lado, o que há de mais respeitável em Israel — um sacerdote; do outro, o estrangeiro e o herege.

CREDO…

Concluímos a Ante-Missa com essa profissão de fé.

Breve compêndio das verdades cristãs e Símbolo da fé católica. Com a Igreja, afirmemo-las publicamente e renovemos a profissão de fé que fizemos no Batismo.

Ofertório / Êxodo 32. 11, 13, 14

Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.

Com o Ofertório, começa a segunda parte da Missa ou Sacrifício propriamente dito.

Três elementos o constituíam antigamente: apresentação das oferendas, canto de procissão, oração sobre as oblatas.

Precátus est Moyses in conspéctu Dómini, Dei sui, et dixit: Quare, Dómine, irascéris in pópulo tuo? Parce iræ ánimæ tuæ: meménto Abraham, Isaac et Iacob, quibus iurásti dare terram fluéntem lac et mel. Et placátus factus est Dóminus de malignitáte, quam dixit fácere pópulo suo.

Orou Moisés na presença do Senhor, seu Deus, e disse: Por que Vos irritais, Senhor, contra o vosso povo? Abrandai o vosso furor. Lembrai-Vos de Abraão, de Isaac e de Jacó; a eles jurastes dar uma terra, onde corre o leite e o mel. Então, o Senhor se aplacou e desistiu do mal que pretendera fazer a seu povo.

Secreta

É a antiga « oração sobre as oblatas », ponto de ligação entre o Ofertório e o Cânon.

Hóstias, quǽsumus, Dómine, propítius inténde, quas sacris altáribus exhibémus: ut, nobis indulgéntiam largiéndo, tuo nómini dent honórem. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Atendei, Senhor, benignamente ao Sacrifício que oferecemos sobre os santos altares, para que, alcançando-nos o perdão, ele honre o vosso Nome. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Communio / Salmo 103. 13, 14-15

Alternando com o canto dum salmo, acompanhava (e ainda hoje pode acompanhar) a comunhão dos fiéis.

Nas Missas cantadas, se canta, enquanto o sacerdote toma as abluções e recita as orações seguintes em que se pedem para a alma os frutos da Comunhão.

De fructu óperum tuórum, Dómine, satiábitur terra: ut edúcas panem de terra, et vinum lætíficet cor hóminis: ut exhílaret fáciem in oleo, et panis cor hóminis confírmet.

Senhor, com o fruto de vossas obras saciais a terra; fazeis a terra produzir o pão e o vinho que alegra o coração do homem, pois, o óleo torna jubilosa a sua face e o pão fortifica o seu coração.

Postcommunio

Súplica a Deus para que nos conceda os frutos do Sacrifício.

Vivíficet nos, quǽsumus, Dómine, huius participátio sancta mystérii: et páriter nobis expiatiónem tríbuat et múnimen. Per Dominum nostrum Iesum Christum.

Fazei, Senhor, Vo-lo pedimos, que a santa participação neste Mistério nos vivifique e nos obtenha perdão e proteção ao mesmo tempo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Meditação

O Bom Samaritano

Senhor, gravai no meu coração o exemplo e o mandamento da Vossa caridade.

1 — « Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos ladrões que o despojaram, tendo-lhe feito feridas e retiraram-se deixando-o meio morto » — diz-nos o Evangelho do dia (Lc. 10, 23-37). Este infeliz pode representar qualquer de nós; também nós encontramos ladrões no nosso caminho: o mundo, o demônio, as paixões, que nos despojaram e feriram. Quem poderá dizer que não tem na sua alma nenhuma ferida mais ou menos profunda, consequência das tentações e do pecado? Mas também saiu ao nosso encontro um bom samaritano, o bom samaritano por excelência, Jesus, o qual movido de compaixão pelo nosso estado, nos prestou auxílio. Curvou-Se sobre as nossas chagas sangrentas com um amor infinito, tratando-as com o azeite e o vinho da graça: o azeite indica a suavidade e o vinho o vigor. Depois tomou-nos nos Seus braços e levou-nos a um refúgio seguro, confiou-nos aos cuidados maternais da Igreja, à qual entregou o preço do nosso resgate, fruto da Sua morte de cruz.

A parábola do bom samaritano esboça desta forma a história da nossa redenção, história sempre em ato e que se renova cada vez que nos aproximamos de Jesus, mostrando-Lhe com humildade e arrependimento as feridas da nossa alma. Isto realiza-se de um modo particular na Santa Missa, na qual Jesus apresenta ao Pai o preço da nossa salvação, renovando a Sua imolação a favor das nossas almas. Devemos assistir à Santa Missa para nos encontrarmos com Ele, o bom Samaritano, para invocarmos e recebermos em nós a Sua ação curativa e santificadora. Quanto mais conscientes estivermos da nossa miséria e mais vivamente sentirmos a necessidade da Sua redenção, tanto mais Jesus nos aplicará os seus frutos com liberalidade e, ao vir a nós na Sagrada Comunhão, curará não somente as nossas feridas exteriores, mas também as interiores, banhando-as abundantemente com o azeite suavíssimo e com o vinho tonificante da Sua graça.

É assim que Jesus nos trata; assim tratou a humanidade que, por causa do pecado, Lhe era estranha, ou antes, inimiga e nada tinha a ver com Ele, o Santo, o Filho de Deus!

2 — Jesus, mediante a Sua obra redentora, foi o primeiro que nos deu o exemplo de uma caridade cheia de misericórdia e compaixão e tinha o pleno direito de concluir a parábola do bom samaritano, dizendo: « Vai e faz tu o mesmo »; teria podido acrescentar, como dirá na noite da última ceia aos Seus Apóstolos: « Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais vós também » (Jo. 13, 15).

Por próximo, os escribas e fariseus entendiam só os amigos ou, quando muito, os israelitas, mas não os pagãos, nem sequer os samaritanos. E eis que o Salvador, ultrapassando uma interpretação tão mesquinha, propõe como exemplo concreto da caridade preceituada pela lei, um ato de caridade praticado para com um inimigo. O bom samaritano, não levando em conta o ódio que os judeus alimentavam contra o seu povo, presta socorro ao pobre judeu abandonado pelo sacerdote e pelo levita, seus compatriotas.

Esta caridade universal será o distintivo da nova religião instaurada por Cristo. « A religião pura e sem mácula aos olhos de Deus — escreverá S. Tiago — é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações » (1,27); ou seja, não há verdadeira religião sem caridade para com o próximo, sobretudo para com o próximo que sofre. Os escribas, os fariseus e os próprios sacerdotes que tinham reduzido a religião a um puro formalismo exterior, enquanto desprezavam com tanta desenvoltura os deveres da caridade, encontravam a sua condenação na parábola do samaritano. Infelizmente também entre os cristãos não faltam pessoas devotas que têm escrúpulos de omitir a menor prática de piedade e não hesitam em abandonar à sua sorte aquele que sofre. Não compreenderam a alma da religião, mas pararam nas aparências. A religião dá-nos o sentido profundo das nossas relações com Deus: Ele é nosso Pai e nós somos Seus Filhos; mas, se somos filhos do mesmo Pai, como não nos sentimos irmãos? Eis em que consiste a verdadeira piedade: em ter o sentido da nossa filiação divina, o sentido da nossa fraternidade com todos os homens, não excetuando nenhum. E os que se sentem verdadeiramente irmãos, jamais reivindicarão direitos em face das necessidades e sofrimentos alheios.

Extraído do Livro Intimidade Divina­ — P. Gabriel de Santa Maria Madalena O.C.D. Segunda edição (Traduzida da 12ª edição italiana) — 1967

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