Nascida em dezessete de setembro de 1952, em Santo Antônio de Pádua, sendo a quarta filha do Senhor João Ribeiro da Silva e da Sra. Luzia Carneiro da Silva. Por ser dia de Santa Idelgades, foi-lhe dado o nome de Ilda (Ilda Ribeiro da Silva)
Foi levada à Pia Batismal e se tornou filha de Deus em trinta e um de março de 1953, na Igreja Matriz de Santo Antônio de Pádua, sendo padrinhos, o Sr. Joaquim Arantes e a Sra. Carmelita Arantes.
Só um pouco mais tarde passa a frequentar a escola, já sabendo ler e escrever muito bem. Sua primeira escola foi a Escola Estadual João Jazbick, na zona rural, tendo como professora a Senhora Carmem Parreira. Estudou ainda na Escola Estadual Deputado Salim Simão. Mais tarde, quando jovenzinha, começou a fazer o supletivo, no entanto não quis ir adiante.
Foi crismada ainda bebê (não se lembrava da data) e não se encontrou a documentação. O que se sabe é que o Sacramento foi lhe dado por sua Excelência Reverendíssima Dom Antônio de Castro Mayer.
Frequentou a catequese e fez a Primeira Comunhão na Capela de São José, no Bairro São José de nossa cidade, sendo sua catequista a Filha de Maria, Nely Pimentel de Oliveira.
Na infância, gostava de acompanhar o pai no trabalho de açougueiro, até mesmo quando ia matar algum boi, pois temia que o pai fosse ferido. Estava sempre por perto do mesmo. Um de seus divertimentos era subir em árvores, onde gostava de ler algum livro, pois tinha muito gosto pela leitura.
Ainda bem jovem passa a trabalhar como doméstica, e por alguns anos, babá dos filhos do Dr. Juarez Amaral de Andrade, médico em nossa cidade. E aí aprende a arte de cozinhar, que fazia com grande habilidade. Neste período, precisou passar por uma cirurgia de garganta, que fora feita pelo próprio Dr. Juarez.
Nessa época, sua vida espiritual consistia apenas na Missa Dominical, Páscoa, e algumas outras obras de piedade.
Aos dezessete anos, foi convidada a participar de uma reunião de jovens com o Monsenhor Eduardo Athayde, mas por conta de alguns maldizentes ao padre em questão, possuía algum preconceito. Porém, a então jovem Filha de Maria, Vera Zanelli, que mais tarde se tornaria Religiosa e quem a havia convidado, a animou dizendo: “Você pensa assim porque não conhece o Padre Eduardo, vamos, e você vai mudar de opinião.”
E realmente, assim aconteceu, voltou da reunião transformada e animada a ser uma cristã mais autêntica, melhorando seu modo de vestir, até ao mais perfeito para uma jovem cristã. Seguia a risca a orientação dada por seu confessor e diretor.
Entrou para a Pia União das Filhas de Maria e em quinze de agosto de 1974, recebeu a fita azul, sendo diretor o Reverendíssimo Monsenhor Eduardo Athayde, a presidente desta Pia União, Maria Vaz e a mestra de aspirantes Nélia Simão.
Foi uma fervorosa Filha de Maria, era assídua na assistência às reuniões e a todos os deveres da Pia União. Os domingos eram santificados pelas jovens Filhas de Maria com a participação na Santa Missa, reza do ofício da Imaculada, visita aos hospitais, adoração ao Santíssimo e reunião espiritual. Tudo sob a orientação do diretor Monsenhor Eduardo. Algumas vezes também se reuniam também para recrearem na casa de Dona Maria Simão e Dona Nélia Simão. Amava de um modo muito especial o uniforme das Filhas de Maria, passando o domingo, revestida dele. Foi designada para ser catequista na Capela de São Jorge no Bairro Dezessete. Capela esta, construída no terreno doado por sua família. Lá preparou muitas crianças para a Primeira Comunhão, dentre elas, a Irmã Teresa Maria, nossa Irmãzinha falecida em dezenove de setembro de 2010. Foi neste tempo que a semente de sua vocação começou a manifestar-se.
Em 1976 foi fundada, pelo Reverendíssimo Monsenhor Eduardo Athayde, a Associação Nossa Senhora do Rosário de Fátima, com o objetivo de viver e propagar a Mensagem de Fátima, de oração e penitência, ajudando-o nos trabalhos apostólicos da Paróquia. Madre Lúcia é cofundadora, com mais duas jovens, Maria Teresa Nascimento e Jurema Marinho.
Em vinte e um de novembro de 1976, dia da apresentação de Nossa Senhora, fez sua Primeira Consagração, votos de castidade, pobreza e obediência, na presença do Reverendíssimo Monsenhor Eduardo, que a abençoou e impôs a medalha. Passa assim a usar o primeiro uniforme da Associação: blusa azul e saia marrom. Os votos eram renovados anualmente. Começa então a trabalhar no Asilo Nossa Senhora do Carmo com grande dedicação.
Ministrou aulas de religião em várias escolas de nosso Município. Trabalhou muito na catequese, com um espírito apostólico saia em busca das crianças, conversava com as famílias, ajudava como podia aos necessitados, preparava casais para o Sacramento do Matrimônio, casais estes que já moravam juntos e que precisavam regularizar suas vidas diante de Deus.
Sem diploma, alfabetizou muitas crianças e ainda preparou muitas crianças para a Primeira Comunhão na Paróquia e no Convento.
Foi ainda Mestra de aspirantes na Pia União das Filhas de Maria.
Confeccionou por algum tempo, Hóstias para a nossa Paróquia e Paróquias vizinhas.
Desde a fundação até ser eleita superiora, ocupou o cargo de Mestra de Noviças.
Ao bater em nossa porta, algumas orfãzinhas, foram recebidas pela comunidade e a Irmã Lúcia, com espírito materno e cheia de dedicação, cuidava delas com muito carinho, sendo ela a responsável. Destas crianças, destacamos a Priscila Silva da Fonseca que nos acompanha até hoje exercendo a profissão de enfermeira no Asilo Nossa Senhora do Carmo.
No ano de 1989, em treze de maio, recebe o hábito religioso, estilo carmelitano, o que é usado até hoje na Associação.
Foi agraciada por Deus, com muitos dons, era comunicativa, possuía uma bela voz, por isso participou do coral Santa Cecília enquanto pode. Fazia belos arranjos florais, desenhava e pintava muito bem.
Na preparação das festas de Corpus Christi esteve de frente por muitos anos, ainda quando as coisas eram bem mais difíceis, onde não havia técnicas e materiais que hoje facilitam nosso trabalho. Por esse motivo precisava fazer muitos serões, o que era feito com muita alegria.
Entre os apostolados da Associação, estava a organização e acolhimento das jovens para os Retiros Espirituais, duas vezes por ano, em fevereiro por ocasião do carnaval e em julho, onde a Irmã Lúcia era responsável pela cozinha. Houve época que se reuniam 80 jovens e ela dava conta de cozinhar para essa quantidade de pessoas.
Em 2005 após o reconhecimento da Administração, juntamente com outras irmãs, fez seus votos perpétuos, que foi recebido por Sua Excelência Reverendíssima Dom Fernando Arêas Rifan, em dois de agosto, festa de Santo Afonso.
Em 26 de novembro de 2010 foi eleita superiora geral da Associação Senhora do Rosário de Fátima e do Monte Carmelo. Passa ainda a ser Presidente do Asilo Nossa Senhora do Carmo, cargo que exerceu até o seu falecimento.
Após a morte do pai, passou a sofrer de diabetes.
Em vinte e nove de agosto de 2014, Madre Lúcia é medicada e precisa passar por uma cirurgia do coração. Em três de setembro do referido ano recebe a visita do Reverendíssimo Monsenhor José de Matos que lhe administra a Unção dos enfermos. Dia 18 de setembro recebe a visita das irmãs de Campos (Madre Rosália, Irmã Goreti, Irmã Marta e Irmã Filomena).
Então em 29 de setembro deste mesmo ano, é internada no Hospital São José do Havaí, para aguardar a cirurgia que aconteceu em seis de outubro. Nesse período de internação recebe a visita do Reverendíssimo Padre Silvano, e a assistência do Reverendíssimo Padre Manoel, que lhe levava a Santíssima Eucaristia. A cirurgia infeccionou e teve que passar por outros procedimentos. Porém com a graça de Deus conseguiu se restabelecer. Durante este tempo foi sempre acompanhada pelas irmãs e pela Priscila.
Durante o tempo que precisou ficar de repouso no Convento foi assistida pelo Reverendíssimo Padre Silvano, que vinha todos os dias dar-lhe a Sagrada Comunhão.
Mesmo com todos os problemas de saúde, volta ao trabalho no Asilo Nossa Senhora do Carmo.
Para alegrar os velhinhos do asilo e adquirir fundos, organizava todos os anos uma Festa Junina, que era muito bem concorrida.
Se preocupava de um modo especial com a parte espiritual dos velhinhos, reza do terço e recepção dos sacramentos.
Sempre se preocupava com o espírito de caridade entre as irmãs, aconselhando-as a observar também o silêncio. Tinha um enorme respeito pelo fundador.
Era muito conselheira de seus irmãos, Francisco Manoel Ribeiro da Silva, Maria Emília Ribeiro Gonçalves, Stella Maria Ribeiro da Silva, Maria da Conceição Ribeiro da Silva e José Messias Ribeiro da Silva. e de seus sobrinhos, Franciberg, Frank, Fábio, Rafael, Josiane, Giselle, Thiago , Maria Cecília, Graziella, João Carlos, André, Aline e Maximiliano, procurando sempre o bem de suas almas.
Durante a quarentena da Pandemia, por ser do grupo de risco, mesmo sentindo vontade de ir a Santa Missa, mesmo quando convidada, dizia: “O Pe. Ivoli, falou que eu não posso ir.”
Para ocupar o tempo, até ser atingida pelo COVID-19, pintava em tecidos e pensava na construção das coisas que estão por terminar no convento. Algumas dessas pinturas foram vendidas e outras se encontram no Convento.
Ao perceber que havia contraído o Covid-19 pediu para receber os Sacramentos da Confissão e Comunhão. Em trinta de junho de 2020, após a Santa Missa no convento o Reverendíssimo Padre Ivoli administra-lhe a confissão e a Sagrada Comunhão. É internada na Casa de Saúde e Maternidade Santa Mônica, sendo medicada pela Dr.ª Michele Maria José Mansur. A noite deste mesmo dia ao receber o resultado positivo dos exames e que já tinha 50% do pulmão comprometido, Padre Ivoli lhe administra o Sacramento da Unção dos enfermos.
Na Casa de Saúde foi acompanhada, na maior parte do tempo, por Priscila e também pelas Irmãs Maria José e Maria Cecília.
Em dois de julho recebeu a visita do Reverendíssimo Monsenhor José de Matos que lhe ouviu em confissão e lhe administrou o Santo Viático.
Sua respiração tornou-se cada vez mais difícil. Foi entubada enquanto esperava ser transferida para o Hospital Ronaldo Gazola, no Rio de Janeiro, que aconteceu na manhã de três de julho, onde permaneceu até o dia dezesseis de julho, festa de Nossa Senhora do Monte Carmelo.
Para nós foi um grande sofrimento não poder acompanha-la em seus últimos momentos, mas temos a certeza que Deus a acompanhava. Nossa Senhora se dignou buscá-la em um dia muito especial para nossa pequena Associação.
À nossa querida Madre Lúcia, nossos agradecimentos e orações.
Agradecemos a todos os nossos benfeitores, em especial a Priscila Silva da Fonseca que a acompanhou, a Dr.ª Michele Maria José Mansur e a Kênia Kezen que lutou pela transferência dela para o hospital do Rio. Agradecemos também a todos que nos ajudaram neste momento difícil de nossa história. Agradecemos ainda aos que participaram do sepultamento de modo especial aos Sacerdotes, Monsenhor José de Matos, Pe. Ivoli e Pe. Leonardo, e aos funcionários do Asilo Nossa Senhora do Carmo.
Nossas condolências aos familiares da Madre Lúcia.
Ave Maria!
Irmãs da ASRFátima e do Monte Carmelo
21/07/2020
Deus já a tem no céu!