O dia em que o Papa não sorriu

Por Pe. Gaspar S. C. Pelegrini

Já estamos acostumados com o sorriso e a alegria do Papa Francisco. Aos domingos, ele sempre aparece sorridente da janela do Palácio Apostólico e acena e saúda a multidão que sempre o aguarda para o Ângelus.

Pois, hoje o Papa não sorriu. Ele apareceu com um semblante entre preocupado e triste.  Por que? Ele mesmo explicou: “Vivo com particular sofrimento e com preocupação as várias situações de conflito que existem na nossa terra; mas, nestes dias, o meu coração ficou profundamente ferido por aquilo que está acontecendo na Síria, e fica angustiado pelos desenvolvimentos dramáticos que se preanunciam”.

O Papa em geral, antes de rezar o Ângelus, comenta o Evangelho do Domingo. Hoje não; hoje ele disse que queria fazer-se “intérprete do grito que se eleva, com crescente angústia, em todos os cantos da terra (…)  É um grito que diz com força: queremos um mundo de paz, queremos ser homens e mulheres de paz, queremos que nesta nossa sociedade, dilacerada por divisões e conflitos, possa irromper a paz! Nunca mais a guerra! Nunca mais a guerra! A paz é um dom demasiado precioso, que deve ser promovido e tutelado”.

O Papa elevou sua voz com coragem e clareza lamentando: “Quanto sofrimento, quanta destruição, quanta dor causou e está causando o uso das armas naquele país atormentado, especialmente entre a população civil e indefesa! Pensemos em quantas crianças não poderão ver a luz do futuro! Condeno com uma firmeza particular o uso das armas químicas!”

E confessou o quanto lhe chocaram as imagens que viu nos últimos dias. E lembrou a todo os culpados por estas mortes e sofrimentos que “existe um juízo de Deus e também um juízo da história sobre as nossas ações aos quais não se pode escapar! O uso da violência nunca conduz à paz. Guerra chama mais guerra, violência chama mais violência”.

O Papa Francisco fez  um apelo “com todas as minhas forças”, disse, “às partes envolvidas no conflito que escutem a voz da sua consciência, que não se fechem nos próprios interesses, mas que olhem para o outro como um irmão e que assumam com coragem e decisão o caminho do encontro e da negociação, superando o confronto cego”.

Diante de tanto sofrimento e do grande perigo que significa uma guerra, o Santo Padre, como Pastor Universal, como pai que vela e se preocupa com seus filhos, apresentou uma proposta muito concreta pela paz. Decidiu“convocar para toda a Igreja, no próximo dia 7 de setembro, véspera da Natividade de Maria, Rainha da Paz, um dia de jejum e de oração pela paz na Síria, no Oriente Médio, e no mundo inteiro, e convido também a unir-se a esta iniciativa, no modo que considerem mais oportuno, os irmãos cristãos não católicos, aqueles que pertencem a outras religiões e os homens de boa vontade”.

E terminou sua mensagem dirigindo-se, como sempre, a Nossa Senhora: “Ajudai-nos, Maria, a superar este momento difícil e a nos comprometer a construir, todos os dias e em todo lugar, uma autêntica cultura do encontro e da paz. Maria, Rainha da paz, rogai por nós!”

E convidou a todos a repetirem com ele  estas palavras.

Portanto, no próximo dia 7, sábado que vem, todos somos convidados a fazermos jejum e orações pela paz, de modo especial na Síria, mas também no mundo todo.

O sofrimento de uma guerra é tão grande que, só a previsão do que ainda poderia acontecer, levou o Papa Francisco assumir um semblante preocupado. E este domingo ficou tristemente marcado como o dia em que o Papa não sorriu.

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