“Este domingo, chamado “Laetare” da primeira palavra do introito da missa, é um dos mais célebres do ano. A Igreja, neste dia, cessa a piedosa tristeza da Quaresma: os cantos da missa não falam senão de alegria e consolação; o órgão, que permaneceu mudo nos três domingos precedentes, faz ouvir novamente sua voz melodiosa; o diácono retoma a dalmática e o subdiácono a túnica¹; e permite-se substituir nos ornamentos sacros a cor roxa pelo róseo. Com efeito, vimos estes mesmos ritos praticados por ocasião do terceiro domingo do Advento, chamado “Gaudete”.”
“O motivo da Igreja em exprimir hoje a alegria dos fiéis na santa Liturgia reside no fato de querer celebrar o zelo de seus filhos com o qual eles já percorreram a metade deste santo tempo e de estimular o ardor dos mesmos para alcançarem o fim do percurso.”
“Há, ainda, outra designação para este domingo que reporta à leitura do evangelho que a Igreja propõe-nos: com efeito, este domingo também é chamado em muitos antigos documentos de “Domingo dos cinco pães”; o milagre que este título chama à atenção, ao mesmo tempo que completa o ciclo das instruções quaresmais, vem ainda juntar-se às alegrias deste dia. Perdemos de vista, por um instante, a iminente paixão do Filho de Deus para nos ocupar com sua maior obra, pois, sob a figura dos pães materiais multiplicados pelo poder de Jesus, nossa fé deve descobrir este “Pão da vida descido do céu, que dá a vida ao mundo.””
“A Igreja primitiva não hesitava em propor aos fiéis este estrondoso milagre da multiplicação dos pães como emblema do inesgotável alimento eucarístico. Por esta razão, encontra-se frequentemente nas pinturas das catacumbas e nos baixos-relevos dos antigos sarcófagos cristãos.”
Excertos da obra “L’anné liturgique” de Dom Prosper Guéranger.
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