Dom Fernando Rifan, bispo administrador da Administração Apostólica, está participando da Peregrinação do Povo Summorum Pontificum (Una Cum Papa Nostro) deste ano.
Além de S. Excia., participam da peregrinação, que acontece de 24 a 27 de outubro em Roma, S. Emcia., o Cardeal Castrillón Hoyos, presidente da Comissão Ecclesia Dei, e S. Emcia. Dom Athanasius Schneider. A programação prevê uma Missa Pontifical na Basílica de São Pedro no sábado (26), dia em que o Cardeal Hoyos celebra seu 61° aniversário de ordenação sacerdotal.
O secretário-geral da peregrinação, Guillaume Ferluc, em entrevista à revista americana The Remnant, comentou o convite a S. Excia, Dom Fernando Arêas Rifan e os frutos da Jornada Mundial da Juventude do Rio (grifos nossos):
Para o acompanhamento da nossa prática religiosa, para se poder ir à missa tradicional nas próprias paróquias, é preciso que haja sacerdotes, e por conseguinte, seminários que os formem e bispos que os ordenem. Actualmente, Dom Fernando Rifan é o único bispo em todo o mundo que tem por missão pastoral fazer isso mesmo; por isso, pareceu-nos importante tê-lo entre nós!
Além disso, recebemos excelentes testemunhos das Jornadas Mundiais da Juventude do Rio de Janeiro, durante as quais, Dom Fernando Rifan esteve encarregado da catequese dos jovens do Juventutem, um grupo cujo apostolado assenta na liturgia tradicional. A igreja esteve cheia, as celebrações tiveram grande dignidade e as pregações foram muito apreciadas.
Até há pouco, quem poderia imaginar que, no Brasil, centenas de jovens poderiam seguir três dias de pregações e missas, e confessar-se a sacerdotes ligados à tradição da Igreja? E tudo isso com o apoio oficial da Igreja? Naturalmente, poder-se-á objectar que era apenas um bispo entre 300, mas já é um primeiro passo dado e algo de adquirido, tanto mais que o lugar que aí se destinou ao Juventutem foi um lugar simbólico: a antiga Catedral do Rio de Janeiro, um local carregado de história e marcado pela fé das gerações passadas.
Sobretudo, as Jornadas foram uma boa ilustração de como a liturgia tradicional atrai os jovens. Por essa razão, não temos o direito de ficarmos apenas abrigados debaixo das nossas certezas, mas devemos antes ir ao encontro de todos aqueles que desejam ter uma maior presença do sagrado e da solenidade na sua vida de fé.
Desta mesma entrevista, destaco a resposta de Ferluc quando questionado sobre a relação entre este novo pontificado do Papa Francisco e os católicos tradicionais (grifos nossos):
Sabemos bem que a história da Igreja não ficou parada em 1962, como também não se completou com o pontificado de Bento XVI. Este novo pontificado do Papa Francisco parece dever ser visto como um convite para uma reflexão sobre o facto de que a liturgia e a tradição da Igreja não são algo de um grupo restrito, isto é, de uma elite, como alguns parecem achar.
Partindo das palavras do Papa, inclinar-me-ia mesmo a defender que a liturgia tradicional, com todo o seu esplendor que nos manifesta a presença de Deus, é de facto uma liturgia que nos leva à humildade. Na liturgia tradicional, a actuosa participatio dos fiéis é uma participação humilde, feita de silêncio, de adoração, de genuflexões, de súplica, de acção de graças… tudo atitudes que nos lembram alguém que sofre, que são próprias do homem que está em dificuldade e que pede ajuda.
Não esqueçamos que por entre os sacerdotes mais célebres elevados à honra dos altares, muitos são os que foram simples padres que poderíamos dizer “do campo”, na medida em que estiveram em contacto com os estratos mais humildes do povo. Penso no Santo Cura d’Ars, no Padre Orione, no Padre Pio… Mesmo se as suas celebrações eram marcadas pela maior das solenidades, elas não excluíam quem quer que fosse, desde o camponês à mãe de família, pessoas que nunca precisaram de estudar latim na Universidade ou em qualquer outra escola de prestígio para se poderem sentir parte integrante da liturgia e do culto que assim se prestava a Deus.
O restante da entrevista pode ser lida no Paix Liturgique.
(extraído, com adaptações, do Salvem a Liturgia)
Dom Fernando escreveu em seu blog um texto sobre a Peregrinação onde ele celebra amanhã, na Basílica de Santa Maria Sopra Minerva em Roma a missa de Cristo Rei. Vejam o texto de Dom Fernando:
Estou em Roma, “cidade eterna”, para acompanhar a Peregrinação internacional Summorum Pontificum, da qual fui convidado para celebrar a Missa Solene Pontifical de encerramento, na Basílica de Santa Maria sopra Minerva, no próximo domingo, dia 27. Hoje, quarta-feira, estarei presente na audiência do Santo Padre, o Papa Francisco, na Praça de São Pedro. Além de cumprimentar pessoalmente o Papa, dele receberei a bênção especial para todos os que me são caros, entre os quais incluo os meus leitores.
Um dos pontos altos dessa peregrinação será a Missa celebrada na Basílica de São Pedro, no sábado, dia 26, pelo Cardeal Dom Dario Castrillón Hoyos, o mesmo que, em nome do Papa, erigiu a nossa Administração Apostólica e presidiu a minha ordenação episcopal.
Haverá também uma Missa Pontifical celebrada por Dom Athanasius Schneider, Bispo auxiliar de Astana, no Cazaquistão, além de muitos outros atos religiosos, tais como Vésperas solenes, oficiada por Dom Guido Pozzo, secretário da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei, um encontro sacerdotal com Dom Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a promoção da nova Evangelização, Via Sacra sobre a colina do Palatino e adoração eucarística na Chiesa Nuova.
Todas as Missas dessa peregrinação serão celebradas na forma antiga do Rito Romano, pois essa romaria é dirigida aos sacerdotes e fiéis ligados a essa forma litúrgica, que foi concedida a toda a Igreja pelo Papa Bento XVI, com o motu próprio Summorum Pontificum, daí o nome da Peregrinação.
A antiga forma da Liturgia Romana, chamada também forma extraordinária, é uma das riquezas litúrgicas católicas e foi usada por muitos santos por vários séculos. É conservada por muitas congregações religiosas, paróquias, grupos e milhares de fiéis em todo o mundo; no Brasil, são mais de 100 lugares onde se conserva essa Liturgia, com a devida permissão dos Bispos locais, como deve sempre ser. Como todos sabem, nós também a conservamos em nossa Administração Apostólica, por faculdade a nós concedida pela Santa Sé, por apreciar essa beleza litúrgica, clara expressão católica dos dogmas eucarísticos. E a Santa Sé reconhece essa nossa sensibilidade e adesão como perfeitamente legítimas. Assim se expressara o então Cardeal Ratzinger: “Se bem que haja numerosos motivos que possam ter levado um grande número de fiéis a encontrar refúgio na liturgia tradicional, o mais importante dentre eles é que eles aí encontram preservada a dignidade do sagrado” (Conferência aos Bispos chilenos, Santiago, 13/7/1988). A nossa presença nessa peregrinação significa o nosso apoio a esses católicos de todo o mundo e, ao mesmo tempo, tem a finalidade de mostrar-lhes a correta posição de conservar a liturgia tradicional em perfeita comunhão com o Santo Padre, o Papa, e com toda a Igreja. Assim, desse modo bem compreendida, a Missa na forma antiga contribui grandemente para a correta “ars celebrandi” e para a “paz litúrgica” na Igreja, como desejava Bento XVI.
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