Estação em São João de Latrão
A Igreja que, pela justaposição da missa dos catecúmenos com a dos fiéis, celebra na Eucaristia, durante o ano, todos os mistérios da vida de Jesus, pretende-se hoje à lembrança da instituição mesma desse inefável Sacramento e do sacerdócio católico. Essa Missa realiza de modo todo especial a ordem dada por Jesus a seus discípulos de renovar a última ceia. No momento em que conspiravam a sua morte, o Salvador inventava o segredo de imortalizar entre nós a sua presença. A Igreja, suspendendo um instante o luto, celebra o Santo Sacrifício deste dia com a santa alegria. Cobre o crucifixo com um véu branco, reveste os seus ministros com paramentos de festa, canta o Glória e ressoam todos os sinos. Terminado esse hino, emudecem os sinos até o Sábado Santo. Celebra-se neste dia uma única missa por igreja. Isso tem por finalidade recordar que há um só sacerdócio, a quem Jesus confiou o múnus de renovar perpetuamente o seu Sacrifício. Na epístola, depois de lembrar certos abusos provenientes do costume mais tarde abolido, de tomar a refeição eucarística em seguida à refeição-banquete, como Jesus fizera, S. Paulo nos ensina que a Missa é o “Memorial da morte de Jesus”. O Sacrifício do altar era necessário para nos unirmos à Vítima do Calvário e nos apropriarmos de seus méritos. A Eucaristia, cuja virtude provém do sacrifício da Cruz dá-lhe, por sua vez, universalidade de tempo e lugar que não possuía. Nas orações do Cânon da Missa, no Communicantes e no momento mesmo da Consagração, a Igreja evoca com emoção a memória de Jesus ao instituir e celebrar o sacrifício de ação de graças na véspera da sua Paixão.
Amar o Santíssimo Sacramento é “glorificar-se na Cruz de Jesus”. O Salvador encarrega-se de fazer as abluções prescritas pelos judeus à refeição para mostrar a pureza e a caridade que Deus pede dos que querem comungar, pois, à semelhança de Judas aquele que come desse pão indignamente, é réu do Corpo e do Sangue do Senhor. Depois da Missa, desnuda-se o altar para significar que o Sacrifício está suspenso e que, até Sábado, não será oferecido a Deus. Nesta Quinta-feira Santa, quando a Epístola e o Evangelho narram os pormenores da instituição do Sacerdócio e Sacrifício Eucarístico, recebamos das mãos do sacerdote a Santa Vítima imolada sobre o altar, e teremos santamente cumprido nosso dever pascal.
1 – Lava-pés ou Mandato
A exemplo de Cristo, que lavou os pés dos Apóstolos, o celebrante lava os pés de doze homens. A Igreja inculca-nos o ensinamento do Senhor. Eis até onde deve chegar o amor do próximo: o servo não está acima do Senhor; o que o Mestre fez, é para ele o fazer também.
Enquadrada assim na Paixão, essa lição é concludente. O dever de bondade e perdão, o serviço dos outros, são coisas que para o cristão não conhecem limites. Amado por Deus, ele tem, por sua vez, de amar os seus irmãos; perdoado, de perdoar. Exigência absoluta de adotar essa lei, sob pena de não ter parte com Cristo, sob pena de vir a ser, finalmente, excluído do seu reino. Talvez não haja no Evangelho ensinamento mais essencial.
A cerimônia ocorreu na Igreja Principal da Administração Apostólica Paróquia do Imaculado Coração de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. Campos do Goytacazes – RJ.
Faça um comentário