Por Beato Manoel González García
Um instante de intimidade.
Meu sacerdote, queres tenhamos uns instantes de conversação aqui no meu Sacrário? De Coração a coração.
Faz-nos tanto falta a nós dois este momento. A ti, para te fortaleceres, ter orientares, para te tornares melhor; a Mim, para adoçar minhas horas de abandono, para alegrar-me fazendo-te o bem, e por ti, a muitos filhos teus e meus, e a nós dois, para desabafarmos e nos consolarmos mutuamente…
Porque a verdade é que quem diz Coração de Jesus ou coração do sacerdote, diz penas de ingratidões muito feias, de espinhos pontiagudos, de fel bem amargo.
Eu, do meu Sacrário e tu de teu ministério podemos ainda repetir a queixa, a pergunta de meu profeta: “Oh! Vós todos que passais pelo caminho, contemplai e vede se há dor semelhante à minha dor”. (Lamentações, 1, 12)
As penas dos dois amigos
Na verdade não há na terra dor como a nossa dor.
Então! Seremos irmãos no padecer e não no desabafo?
Hão de unir-nos as desolações e não as consolações?
E meu Coração as tem reservadas tão ricas e suaves para seus sacerdotes. Sim, sim, sacerdote amigo, faz-nos muita falta a nós dois este momento de conversação a que eu te convidava.
Temos que falar-nos, os dois! Os dois, entendes bem? Tu me falas e eu serei todo ouvidos para te escutar, e quando eu te falar, cala-te e manda calar-se tudo que levanta ruído em teu coração.
E vamos nos comunicar em meu Sacrário. Não faltava mais nada! Se para isso eu fiz o Sacrário! Se para que em todo o orbe pudessem meus filhos falar e estar comigo, eu fiz teu sacerdócio. Teu sacerdócio foi criado para perpetuar meus Sacrários sobre a terra.
De modo que, em nosso Sacrário!
Uma queixa
Deixa que preceda a nossa conversação uma queixa que tenho de muitos de meus sacerdotes.
Eu os vejo muito pouco pelos meus Sacrários.
Eu os vejo nas bibliotecas, nas salas me aprendendo, nos púlpitos e na propaganda ensinando sobre mim, eu os vejo numa diversidade de lugares fazendo minhas vezes, vejo-os também – que pena – em lugares em que nem tem que aprender-me, nem fazer nada por mim… Contudo, em meus Sacrários, eu os vejo tão pouco, e a tão poucos!
Não é verdade que tenho motivo para Me queixar?
Se conhecesses…
Se soubesses, meu sacerdote, o que se aprende lendo livros, estudando questões, examinando dificuldades à luz da lâmpada de meu Sacrário!
Se soubesses a diferença que existe entre sábios de biblioteca e sábios de Sacrário!
Se soubesses tudo o que um minuto de Sacrário dá de luz a uma inteligência, de calor a um coração, de alento a uma alma, de suavidade e fruto a uma obra!
Se soubesses, tu e todos os meus sacerdotes o valor que, para estar de pé junto a todas as cruzes, infunde este pouco de tempo diante de meu Sacrário!
Ah! Se se soubesse praticamente tudo isto, como se veriam meus Sacrários tão vazios de sacerdotes, e por outro lado, tão cheios os círculos de recreio, os passeios públicos, e algumas vez, até os cafés, cinemas e teatros?
Se soubessem! Se soubessem!
Os dez, quatorze anos de Seminário, que outro fim tinham senão ensinar por todos os meios e modos este saber e sabor do que é meu Sacrário? Que é que ficou da formação eucarística do Seminário? Que lugar ocupa em tua alma o Sacrário de tua paróquia, que lugar ocupas tu nesse Sacrário? O primeiro, como deve ser? Um de tantos? Nenhum?
Que perguntas boas para tempos de retiro.
Responda cada um como lhe sugerir o Espírito Santo. Poderia ser boa resposta a recitação lenta e saboreada do Salmo 43.
Sicut cervus desíderat ad fontes aquarum…
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