Neste domingo tem-se início o tempo da Paixão que são exatamente as duas últimas semanas da Quaresma. Neste período, a Igreja faz-nos reviver junto a ela as circunstancias que prepararam a morte do Salvador. Na Sexta-feira santa, a Igreja nos faz prostrar diante da Santa Cruz por saudar nela a nossa salvação: “Eis o madeiro da cruz sobre o qual a Salvação do mundo foi suspensa, vinde adorai!”. Contudo, já neste tempo da Paixão nos é anunciado, pela liturgia, o triunfo vindouro da cruz, o triunfo anunciado pelo oráculo de Davi: “Deus reina pelo madeiro”. O ofício de Vésperas desde hoje até a Quarta-feira Santa cantará o belíssimo e piedoso hino “Vexilla Regis” (Os Estandartes do Rei) que retrata o triunfo da Cruz de maneira especial. Este hino fora composto por Venâncio Fortunato na segunda metade do século VI a pedido de Santa Radegunda que fundara um mosteiro e, tendo ganhado um pedaço da Santa Cruz, pediu ao poeta que compusesse um carme para a acolhida do Madeiro. O texto que se comporta nos livros litúrgicos é diferente daquele que foi composto pelo autor, uma vez que Urbano VIII reformara no século XVII a maioria dos hinos do Breviário. Por esta razão trazemos as duas aletras: a antiga, escrita pelo autor, e a mais recente, reformada por Urbano VIII.
Texto antigo:
Vexilla Regis prodeunt: Fulget Crucis mysterium, Quo carne carnis Cónditor Suspensus est patibulo. | Eis que surgem os estandartes do Rei! Eis que brilha o mistério da Cruz, no qual o Criador da carne pela sua carne é suspenso no patíbulo. |
Quo vulneratus insuper Mucrone diro lanceae, Ut nos lavaret crimine Manavit unda et sanguine. | No patíbulo, ainda para nos lavar do pecado, o Ferido pela ponta cruel da lança deitou-nos água e sangue. |
Impleta sunt quae concinit David fideli carmine, Dicens: In nationibus Regnavit a ligno Deus | Cumpriu-se o que disse Davi em seu fiel poema dizendo que Deus reinou sobre as nações pelo madeiro. |
Arbor decora et fulgida, Ornata Regis purpura, Electa digno stipite Tam sancta membra tangere | Árvore brilhante e decorosa, ornada com a púrpura do Rei, eleita para tocar tão santos membros com seu digno tronco. |
Beata cuius brachiis Saecli pependit pretium, Statera facta corporis, Predamque tulit tartari. | Feliz aquela em cujos braços pendeu o preço do mundo, tornada balança do corpo, resgatou as presas do inferno |
O Crux, ave, spes unica, Hoc Passionis tempore Auge piis iustitiam, Reisque dona veniam. | Ave o Cruz, única esperança! Neste tempo da Paixão, aumentai a justiça dos piedosos e perdoai os culpados. |
Te, summa, Deus, Trinitas, Collaudet omnis spiritus: Quos per Crucis mysterium Salvas, rege per saecula. | Que todo espírito vos louve, ó Deus, suma Trindade: e os que salvais pelo mistério da cruz, governai-os no mundo. |
Texto novo:
Vexilla Regis prodeunt: Fulget Crucis mysterium, Qua Vita mortem pertulit, Et Morte vitam protulit. | Eis que surgem os estandartes do Rei! Brilha o mistério da cruz, pela qual Aquele que é a vida sofreu a morte e da mesma morte retirou a vida. |
Quae, vulnerata lanceae Mucrone diro, criminum Ut nos lavaret sordibus, Manavit unda et sanguine. | A Vida, ferida pela ponta cruel da lança, para nos lavar das impurezas deitou água e sangue |
Impleta sunt quae concinit David fideli carmine, Dicendo nationibus: Regnavit a ligno Deus. | Cumpriu-se o que cantou Davi em seu fiel poema, dizendo às nações “Deus reinou pelo madeiro. |
Arbor decora et fulgida, Ornata Regis purpura, Electa digno stipite Tam sancta membra tangere | Árvore brilhante e decorosa, ornada com a púrpura do Rei, eleita para tocar tão santos membros com seu digno tronco. |
Beata cuiús brachiis Pretium pependit saeculi, Statera facta corporis, Tulitque praedam tartari. | Feliz aquela em cujos braços pendeu o preço do mundo, tornada balança do corpo, resgatou as presas do inferno |
O Crux, ave, spes única, Hoc Passionis tempore Piis adauge gratiam, Reisque dele crimina. | Ave, ó Cruz, única esperança! Neste tempo da Paixão, aumentai aos piedosos a graça e destruí os crimes dos réus. |
Te, fons salutis, Trinitas, Collaudet omnis spiritus: Quibus Crucis victoriam Largiris, adde praemium. | Que todo espírito louve a Ti, Trindade, fonte da salvação: e aos quais concedeis a vitória da Cruz, dai-lhes também o prémio da vida eterna. |
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